Título: Previsão de crescimento limitado deve manter nível de taxas de juros
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Fonte: Gazeta Mercantil, 02/12/2004, Internacional, p. A-11
A Comissão Européia (CE) informou que o crescimento permanecerá subjugado no quarto trimestre deste ano e no primeiro trimestre do próximo na zona do euro, que compreende 12 países da União Européia (UE). Para ambos os períodos, a previsão é de crescimento de em torno de 0,2% a 0,6%.
Um avanço no investimento empresarial e uma súbita alta nos estoques manteve a economia da zona do euro em crescimento no terceiro trimestre, apesar de um acentuado declínio nas exportações. Segundo a Eurostat, agência de estatísticas da UE, o avanço econômico na região do euro foi de 0,3% em comparação com o segundo trimestre, e de 1,8% frente ao mesmo período de 2003. O crescimento de entre os trimestres correspondeu às expectativas divulgadas em novembro.
Mas o Banco Central Europeu (BCE) baixou sua previsão de crescimento para 2005 e elevou sua estimativa de inflação para os 12 países, depois que os preços do petróleo alcançaram recordes este ano. Segundo uma fonte que não quis se identificar, a previsão caiu de 2,3% para 1,9%.
Um outro levantamento, feito pela NTC Research para a Reuters Group Plc, mostrou que em novembro, a indústria de manufatura na zona do euro cresceu em seu ritmo mais lento em 14 meses. Foi um impacto do preço do petróleo e da valorização do euro frente ao dólar, que afetou as exportações.
O índice preparado pela NTC e baseado em entrevistas com 3 mil gerentes de compras caiu para 50,4 ante 52,4 em outubro. Economistas esperavam um declínio para 52, segundo levantamento da Bloomberg News. Acima de 50 o índice indica expansão.
"O enfraquecimento da expansão que estamos vendo é desapontador", disse Ulrich Scheinost, economista chefe da associação das indústrias de produtos elétricos e eletrônicos, ZVEI, que entre seus 1,4 mil membros inclui a Siemens AG. "Não parece que o dinamismo que temos visto dos exportadores esteja ajudando o crescimento doméstico, e o euro e o preço do petróleo estão complicando o processo ainda mais". Um índice medindo os novos pedidos caiu pela primeira vez desde julho de 2003, segundo a pesquisa com os gerentes de compras.
Na Alemanha, a manufatura se contraiu pela primeira vez em 15 meses, com o índice com os gerentes de compras caindo para 49,9. Na França o índice declinou de 53,5 para 52,2.
Sobre a inflação, o BCE prevê que alcançará 2% em 2005, nível superior ao prognóstico anterior de 1,8%, disse a fonte.
As novas projeções, formuladas pelos funcionários do BCE reforçam as expectativas de que o Banco Central vai prorrogar o congelamento das taxas de juros até por volta do fim primeiro semestre de 2005. O BCE mantém sua taxa básica em 2% desde junho de 2003, período em que Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, elevou os custos da tomada de empréstimos algumas vezes.
"`O BCE sabe que a economia não vai melhorar no ano que vem", disse Kenneth Broux, economista do Lloyds TSB Group Plc de Londres. "Na verdade, o fato de essas estimativas de crescimento para 2005 serem corrigidas para baixo quase descarta a possibilidade de uma elevação das taxas em 2005." As estimativas serão discutidas pelo conselho de gestão do BCE, de 18 membros, em sua reunião hoje em Frankfurt e destinada a fixar as taxas. As autoridades monetárias deixarão a principal taxa de refinanciamento inalterada a 2%, segundo pesquisa da Bloomberg junto a 33 economistas.
Em sessão de esclarecimentos perante o Parlamento Europeu o presidente do BCE, Jean-Claude Trichet, disse na terça-feira que o ritmo de expansão da zona do euro será "um pouco mais desacelerado do que se previu anteriormente."