Título: Indicadores econômicos fazem transbordar o otimismo oficial
Autor: Silmara Cossolino e Fernando
Fonte: Gazeta Mercantil, 29/11/2004, Nacional, p. A-4

relação entre a dívida líquida do setor público consolidado e o Produto Interno Bruto (PIB) ficou estável em 53,7% no mês de outubro. Para o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, a tendência é de recuperação, apesar de considerar ser "um grande passo" manter a estabilidade. No fechamento do ano passado a relação entre a dívida e o PIB era de 58,7%, ao passo que hoje apresenta cinco pontos percentuais de queda. "E isso traz muito mais confiança para analistas, investidores e para os agentes de uma maneira geral", disse.

Embora o efeito do câmbio tenha contribuído para a estabilização, Lopes disse que não foi um fator preponderante, já que o principal foi o resultado primário. A projeção para o final do ano é a de que a relação dívida/PIB seja de 54,5%. A elevação em relação ao patamar atual, conforme explicou Lopes, deve-se a que o mês de dezembro é um mês que gera déficit primário.

Ao fazer, um balanço da política econômica do governo Luiz Inácio Lula da Silva, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, reafirmou sexta-feira que o Brasil tornou-se um país menos vulnerável às crises internacionais. Segundo ele, o País não sentirá muitos impactos se ocorrerem crises locais no âmbito internacional. Porém, se for uma crise de maiores proporções, o Brasil terá problemas, assim como a grande maioria dos países do mundo.

"O Brasil é um País mais forte", comentou. "Só uma catástrofe internacional pode afetar (a estabilidade e o crescimento do Brasil)", disse ele, citando como exemplo o fato de a economia nacional não ter sido abalada com o início do processo de elevação de juros nos Estados Unidos, ocorrido no decorrer deste ano. Appy classificou de "pessimistas" as projeções do mercado para o crescimento do Brasil no ano que vem. Afirmou que a estimativa oficial do governo federal, de expansão de 4% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2005, é "conservadora". Na segunda-feira, o Relatório de Mercado demonstrou que o os analistas consultados pelo Banco Central (BC) projetam um crescimento de 3,5% do PIB no próximo ano. Para Appy, o sucesso do governo federal em aprovar algumas reformas institucionais, como a Tributária e a do Judiciário, será um fator que poderá acelerar ainda mais esse crescimento. "Ocorrerá mais rápido e mais cedo, mas não significa que o crescimento não vem sem reforma. Não será o fim do mundo se as reformas não forem aprovadas, mas essas aprovações são extremamente importantes", disse. O secretário-executivo do Ministério da Fazenda afirmou que as negociações entre o Palácio do Planalto e os governadores em relação à guerra fiscal e à questão do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), obstáculos para a conclusão da Reforma Tributária, "estão tendo resultados positivos". Segundo Appy, "há uma posição majoritária, mas há algumas resistências que estão amolecendo".