Título: Três razões na raiz do atraso brasileiro
Autor: Luciana Otoni
Fonte: Gazeta Mercantil, 29/11/2004, Nacional, p. A-5

O Brasil perdeu o jogo da qualidade da educação para a Coréia do Sul e tende a perder também para o México nos próximos anos. O alerta parte do senador Cristovam Buarque (PT/DF), ex-ministro da Educação. "Temos melhorado, mas numa velocidade tão lenta que estamos ficando para trás", afirmou.

Reconhecido na Coréia do Sul por ter implantado o programa Bolsa Escola, Cristovam apontou três motivos que explicam a dificuldade do Brasil em acompanhar os avanços educacionais e tecnológicos. Primeiro está a dificuldade de a sociedade reconhecer a educação como um valor cultural, como fazem, por exemplo, os asiáticos. Segundo, o que chamou de "desprezo da elite" pelo povo, seguida pela forte ênfase dada à econômicas em detrimento às carências sociais. E, por último, o corporativismo de parte dos profissionais da educação.

Um estudo do Ministério da Educação com dados do fim de 2002 trata o ensino atual como a "tragédia educacional brasileira". No País, 6,3 milhões de brasileiros com idade entre 7 e 14 anos permaneciam fora da escola, o contingente de adultos analfabetos era estimado entre 15 e 20 milhões, outros 33 milhões de brasileiros com mais de 15 anos eram incapazes de ler ou escrever, apesar de terem sido alfabetizados, e 73% dos brasileiros com mais de 18 anos (cerca de 100 milhões de pessoas) não chegaram a cursar o ensino médio.

Na avaliação de Cristovam, esses números mostram o abandono da educação. Uma das soluções seria a federalização da educação básica.