Título: BNDES vai liberar US$ 378 milhões para a plataforma P-52
Autor: Samantha Lima
Fonte: Gazeta Mercantil, 29/11/2004, Energia, p. A-9

Em seu primeiro grande contrato de financiamento assinado após assumir o cargo de presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Guido Mantega autorizou a liberação de até US$ 378,5 milhões à Petrobras, para a construção da plataforma P-52. Os recursos serão utilizados para financiamento de bens e serviços, com a exigência de conteúdo nacional mínimo de 60% sobre o investimento global, de U$ 895 milhões.

¿ Desta forma, estamos cumprindo a meta do presidente Lula, de aumentar o índice de nacionalização das plataformas. Estamos estimulando o número de empregos no Brasil ¿ afirmou.

Segundo Mantega, serão criados 5 mil empregos diretos e 20 mil indiretos ao longo dos dois anos de construção da plataforma, que deverá entrar em operação em 2007 no campo de Roncador.

O presidente do banco, que ainda não deu entrevista após a oficialização no cargo, brincou com o alto valor do financiamento.

¿ Daqui para a frente, haverá muitos outros contratos de valor elevado com a Petrobras. Assim, vou me acostumar mal.

A plataforma P-52 terá capacidade para produzir 180 mil barris diários de óleo. O BNDES ainda deverá financiar a construção da P-51 e P-54 e de gasodutos.

O diretor de relações com investidores da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, anunciou que a empresa tem um programa de investimento de US$ 53,6 bilhões até 2010, a serem aplicados, principalmente, na produção de 15 novos sistemas de produção. A expectativa é ampliar a produção diária de 2 milhões de barris de petróleo e gás para 3,4 milhões de barris em seis anos.

¿ Esses investimentos trazem impacto à indústria de equipamentos de exploração em águas profundas em todo o mundo. É melhor para nós que esse impacto ocorra no Brasil, provocando maior integração entre a Petrobras e seus fornecedores nacionais.

Gabrielli afirmou que a alta dos combustíveis anunciada anteontem foi provocada por "mudança no mercado" e que a empresa ajustará os preços dos combustíveis "sempre que for necessário".

¿ Continuamos analisando o que acontece no mercado internacional e, quando for necessário ajustar, seja para mais ou para menos, nós o faremos - disse.

O que utilizamos é a relação com o preço da matéria prima dos mercados com quem competimos, com nossa capacidade de conversão. Não temos alinhamento dos preços nacionais com os preços internacionais no longo prazo.

Perguntado sobre o efeito das eleições, Gabrielli negou que o aumento anterior de combustíveis, ocorrido em 15 de outubro, tenha sido em um percentual menor por conta da proximidade do segundo turno das eleições municipais.

¿ Não há estratégia em função das eleições. Nossa estratégia é de mercado, analisamos o mercado decidimos nosso preço. Mas afirmou que o efeito das eleições é levado em consideração na hora de definir os reajustes.

¿ A eleição é um fenômeno geopolítico que afeta a economia no Brasil e no exterior como a da Ucrânia, que está afetando o preço do petróleo. Levamos em conta isso, pois estamos no mundo real.

kicker: Daqui para a frente haverá muitos outros contratos de valor elevado com a Petrobras