Título: Compra de bens de capital é a maior em...
Autor: Patrícia Nakamura
Fonte: Gazeta Mercantil, 03/12/2004, Primeira Página, p. A-1

Outro fator de apreensão do setor é o reajuste de preço das matérias-primas, principalmente os produtos siderúrgicos. "O aço representa, em média, 17% do custo total de um equipamento", afirmou Newton de Mello, presidente da Abimaq.

Apesar desses entraves, o cenário ainda está longe do péssimo desempenho observado em 1998, quando a âncora cambial incentivou as importações e acabou por esvaziar a associação. Dos 1,4 mil associados no ano anterior, apenas 700 permaneceram na entidade.

"Em 2000 começamos a sentir uma certa revitalização dos negócios dentro do Brasil, mas, por conta da crise de energia elétrica em 2001, houve um arrefecimento. No ano seguinte, com a alta da inflação, o setor também sofreu reveses." A saída, disse Mello, foi a busca do mercado externo para manter os níveis de produção. "Não podemos perder esse espaço conquistado com tanto esforço". Pelos cálculos da Abimaq, o Brasil figura entre os 15 maiores produtores de máquinas e equipamentos do mundo.

Apesar desses entraves, o setor espera a manutenção das vendas externas, "até por conta de inércia", e se prepara para o megainvestimento da ordem de US$ 7 bilhões que a Petrobras vai realizar no ano que vem. "Pelo menos 60% do maquinário deve ser comprado internamente", afirmou. Para Mello, os equipamentos chineses não representam ameaça ao Brasil. "A demanda interna deles está tão aquecida que os preços chegam a ser mais altos que os nossos e o prazo de entrega é de pelo menos 18 meses."

Faturamento sobe 28,7%

O faturamento nominal do setor entre janeiro e outubro alcançou R$ 37,32 bilhões, um crescimento2 de 28,7% em relação com o mesmo período do ano passado. A utilização da capacidade instalada do setor saltou de 77% no ano passado para uma média de 81,57%. O número de funcionários saltou 13,4%, alcançando 205,9 mil postos.

O comércio exterior também se intensificou: as exportações alcançaram US$ 5,4 bilhões, 35,7% superiores em relação aos dez primeiros meses de 2003. O mercado externo respondeu por 43% do faturamento das empresas de bens de capital até outubro. Os Estados Unidos lideraram as exportações, com embarques de US$ 1,4 bilhão, seguido pela Argentina, com vendas de US$ 600 milhões. As importações também cresceram e atingiram US$ 5,52 bilhões, 14% superiores. As maiores encomendas vieram dos EUA (US$ 1,65 bilhão) e da Alemanha (US$ 931 milhões).

Entre os setores que apresentaram o maior incremento de vendas estão as máquinas para indústria gráfica, com alta de 60%; equipamentos para plásticos, 54%; máquinas-ferramentas, 44%; hidráulicos e pneumáticos, 31%. O segmento de máquinas agrícolas cresceu 21% nos primeiros dez primeiros meses do ano, mas o desempenho vem caindo a partir do começo do segundo semestre. Os equipamentos para a indústria têxtil registraram queda de 13%.