Título: Ideli garante aprovação da MP do BC
Autor: Paulo de Tarso Lyra
Fonte: Gazeta Mercantil, 03/12/2004, Política, p. A-6

A líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), aposta na unidade da bancada petista e nos votos do PMDB para aprovar a medida provisória que transforma o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, em ministro, garantindo-lhe foro privilegiado. Segundo Ideli, os senadores do PT não se comportarão como os deputados do partido. Após um duro debate interno, que expôs um racha na bancada da Câmara, 28 deputados petistas votaram contra a Medida Provisória.

"A bancada fez este debate antes da MP ser votada na Câmara, já fechamos questão. Existiam algumas divergências quanto ao formato (medida provisória), mas nenhum problema quanto ao mérito", acrescentou a senadora catarinense.

Ideli fez questão de conversar em separado com alguns senadores que não estiveram presentes na reunião da bancada, com Flávio Arns (SC) e Cristovam Buarque (DF). Segundo ela, com os petistas fechados a favor da matéria e o voto da ampla maioria dos peemedebistas, não haverá problemas para aprovar a matéria.

"A oposição poderá fazer barulho, mas teremos votos para aprovar a medida provisória . É quorum simples", justificou Ideli.

Lua de Mel

O líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), que voltou a viver uma fase de lua-de-mel com o Planalto, não quis ser tão otimista quanto Ideli. Mas não escondeu que vai trabalhar a favor da medida provisória. "Eu vou reunir a bancada na próxima semana, quando o assunto for colocado na pauta do dia. Ainda não fechamos questão, mas o meu encaminhamento será favorável ao texto", confirmou o senador.

A oposição garante que vota contra a MP, mas não demonstra confiança irrestrita na contagem dos votos. O vice-líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), disse acreditar que, se a proposta fosse votada nesta semana, não seria aprovada. Mas a margem de segurança de PSDB e PFL é bastante apertada.

"Sempre apostamos nos votos dos peemedebistas e de petistas insatisfeitos", admitiu Álvaro.

Para ele, não há como o PSDB recuar de sua posição, já que o partido é contra a edição de medidas provisórias consideradas inconstitucionais. Quanto ao mérito, os tucanos até poderia discutir, se a matéria tivesse sido tratada em uma emenda constitucional. O senador tucano paranaense garante que seu partido não ficou sensibilizado com a emenda, aprovada na Câmara, estendendo o foro privilegiado para os ex-presidentes de Banco Central.

"Ficou pior do que o soneto. Passou o recibo de que tentam barganhar com a oposição", criticou Álvaro Dias.

O líder do PFL no Senado, José Agripino Maia (RN), afirmou que não há a menor possibilidade de seu partido mudar de idéia. Os pefelistas, segundo ele, estão ainda mais fortalecidos após o parecer do procurador-geral da República, Cláudio Fontelles, que classificou a MP de inconstitucional e casuística. "Se o governo tivesse encaminhado uma emenda constitucional, diminuiria em 95% a polêmica", apostou Agripino.