Título: Para Amorim, intenção de reforma é bom começo
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Fonte: Gazeta Mercantil, 03/12/2004, Internacional, p. A-9
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, deixou claro ontem que a prioridade número um da política externa brasileira neste momento é a Organização Mundial do Comércio (OMC). Qualquer país que tenha uma inserção global tem que ter como prioridade a OMC, porque não se resolvem questões como subsídios e anti-dumping, por exemplo, em conversas bilaterais, afirmou.
Ele ressaltou, no entanto, que as conversas com a União Européia a também para construção da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) não serão abandonadas, e sim correrão em paralelo.
Para o chanceler, as conversas com os europeus não passaram de "jogo de cena" até outubro do ano passado. Mas de lá para cá, Amorim disse que o processo evoluiu e que já há um quadro conceitual claro, que é basicamente de acesso a mercados.
Durante audiência no Congresso Nacional, Amorim defendeu que os novos países a ingressarem como membros do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) tenham poder de veto. A liderança, pelo Brasil, de missão de paz da ONU no Haiti, é vista como uma ação para conseguir uma vaga permanente no conselho.
Uma proposta elaborada por um conselho de notáveis mantém o poder de veto aos mesmo cinco países com cadeiras permanentes no Conselho (Estados Unidos, China, Rússia, França e Inglaterra). Para Amorim, essa proposta precisa ser objeto de debate.
"O correto seria não haver discriminação. Não é porque o Brasil deseja o veto, sempre deixamos claro que não é isso. Deve haver eqüidade. Agora, como isso vai ser obtido, em que prazo, de que maneira, nós não sabemos", disse.
Amorim afirmou que a reforma do Conselho de Segurança é "um bom começo" para garantir a representatividade do órgão. Segundo ele, isso significa reconhecer que o conselho precisa ser atualizado para que não perca a legitimidade.