Título: Dólar sobe 0,85% e fecha em R$ 2,733
Autor: Silvia Araújo/InvestNews
Fonte: Gazeta Mercantil, 03/12/2004, Finanças & Mercados, p. B-1

A alta do dólar nos negócios de ontem pode não ter sido simplesmente um movimento de realização de lucros, pelo fato de a cotação da divisa ter caído muito nos últimos dias. Conforme alguns operadores de câmbio, o Tesouro Nacional teria aproveitado o menor patamar da moeda dos últimos dois anos para acelerar suas compras no mercado à vista.

Há uma semana, o Banco Central informou que o órgão da Fazenda vai comprar US$ 2,4 bilhões no mercado, para pagamento de juros e principal da dívida externa. O banco também comunicou, na ocasião, que US$ 566 milhões já haviam sido contratados até o mês de outubro.

A moeda norte-americana fechou a R$ 2,733, com valorização de 0,85%. Já o petróleo recuou para US$ 43,25 o barril, com queda de 4,9%, em Nova York. Considerando o recuo dos preços da commodity e o ambiente doméstico favorável, os operadores disseram que só mesmo as compras do Tesouro explicariam a valorização "repentina" do dólar.

No período da tarde, o movimento no câmbio foi acelerado, refletindo comentários de que, além de comprar moeda para abater dívidas, o Tesouro Nacional também estaria adquirindo dólares para recomposição de reservas internacionais. O assunto surgiu após uma reunião entre diretores do BC e economistas de instituições financeiras.

No mercado externo, o risco-Brasil subia 1,2% para 409 pontos. Hoje, a agência de classificação de risco Standard & Poor''s voltou a descartar a elevação das notas de crédito do País no curto prazo. O C-Bond, principal papel da dívida externa, era cotado a 100,87% do seu valor de face.

Esperando o Copom

Na renda fixa doméstica, as projeções para as taxas de juros apresentaram discretas oscilações ao longo do dia. Os investidores ainda não fecharam consenso sobre as estimativas para o resultado da última reunião do ano do Comitê de Política Monetária (Copom). Embora parte do mercado estime um novo ajuste de 0,50 ponto para a Selic, a sensação que ficou, após a reunião do BC com economistas, é que não seria necessário um aperto monetário dessa magnitude. O contrato de juro de janeiro sinalizou taxa de 17,47% para a virada do ano. A Bovespa, após bater suas máximas históricas de alta por duas sessões seguidas, teve queda de 0,14%, aos 25.200 pontos, com giro financeiro de R$ 1,17 bilhão.