Título: Petrobras nega pressão política em estratégia de manutenção de preços
Autor: Daniele Carvalho
Fonte: Gazeta Mercantil, 31/08/2004, Energia, p. A-10

O diretor Financeiro da Petrobras, José Sérgio Gabrieli, rebateu ontem no Rio as críticas de que a empresa não estaria reajustando o preço do barril de petróleo por conta de pressões políticas. De acordo com ele, a estatal aguarda a estabilização da commodity no mercado internacional para tomar uma decisão sobre um eventual reajuste.

"Os analistas estão fazendo uma avaliação equivocada da estratégia da Petrobras, estão comparando o mercado americano, onde há diversas empresas concorrendo, com o mercado nacional, onde há apenas uma companhia produzindo. Nós não vamos importar para o Brasil a volatilidade do mercado `spot¿ americano", defendeu Gabrieli, em resposta aos comentários de que a manutenção se deve ao interesse do governo em segurar a inflação em ano de eleições.

Ainda segundo o diretor financeiro, o aumento no preço do combustível no País poderia gerar redução no consumo, mesmo diante do crescimento da economia. "O mercado americano é `price taker¿ (tomador de preço), enquanto que o nacional é `price maker¿ (formador de preço)", comentou. José Gabrieli afirmou que a manutenção do preço não afeta as finanças da Petrobras: "O impacto é maior quando há queda no risco-país ou variação no câmbio", disse.

Apesar da preocupação com o rating do Brasil, José Sérgio Gabrieli ressaltou, durante palestra a empresários, que os papéis da empresa estão cada vez mais descolados da flutuação dos títulos da dívida brasileira. Se o cenário internacional se mantiver propício, a empresa poderá fazer captações ainda este ano.

"Não temos necessidade de fazer novas captações agora. Vamos avaliar as condições do mercado. Nossa meta é de, até 2010, captarmos US$ 16 bilhões", acrescentou o executivo. Mas de acordo com o gerente de Finanças Corporativas da Petrobras, Almir Barbassa, o mês de setembro pode reservar oportunidades para a estatal.

"Nós estamos acompanhando o mercado, mas ainda não se abriu uma boa oportunidade. É esperado talvez um início das captações para semana que vem", afirmou o gerente, acrescentando que a emissão poderia ficar em torno de US$ 500 milhões. Quanto à possibilidade de a Petrobras comprar postos da Shell no Chile, Gabrieli disse que a empresa está "prospectando o mercado", mas disse que no momento não há novidades.