Título: Vendas de tratores cairão 10% em 2005
Autor: Alexandre Inacio
Fonte: Gazeta Mercantil, 07/12/2004, Agribusiness, p. B-12

O que era visto apenas como uma possibilidade se tornou uma realidade. As vendas de máquinas agrícolas para o mercado interno irão, de fato, cair em 2005. A previsão é de que em 2005 as vendas sofram uma retração da ordem de 10,5% e atinjam o pior nível em cinco anos, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). O setor trabalha com uma expectativa de comercializar 34 mil unidades em 2005, volume inferior às 38 mil unidades projetadas para este ano.

Apesar de as estimativas para 2004 ficaram no mesmo nível do ano passado, o número de 38 mil unidades é 5% inferior ao estimado no começo do ano. A Anfavea projetou vendas de 40 mil unidades para o mercado interno, número que foi sendo reduzido aos poucos. "A revisão das estimativas para este ano e a queda para 2005 é reflexo do impacto dos preços das commodities agrícolas no mercado internacional e o efeito negativo do câmbio", diz Rogelio Golfarb, presidente da Anfavea. Ele lembra que, entre janeiro e outubro, os preços do milho caíram 12%, do arroz, 27% e da soja, 30%.

No mês de novembro, as vendas de máquinas para o mercado interno totalizaram 2.356 unidades, desempenho 7,6% inferior ao de novembro do ano passado. No acumulado dos onze meses de 2004, a comercialização de máquinas soma 36.078 unidades, relativamente estável, com um leve aumento de 0,2% em comparação ao mesmo período de 2003. "Apesar da queda, ainda existe uma demanda por máquinas no Brasil. O governo estima uma produção de 130 milhões de toneladas, que precisam ser colhidas com o mínimo de perdas possível, uma vez que os preços estão inferiores aos do ano passado", afirma Persio Pastre, vice-presidente da Anfavea e executivo da Case New Holland (CNH).

Segundo Pastre, além da previsão de queda para 2005, outro fator que preocupa o setor é o desempenho das exportações. Os embarques ficarão estáveis em 30 mil veículos, mesmo volume previsto para este ano. "O que nos preocupa é a taxa de câmbio".

De acordo com o relatório do Banco Central, divulgado ontem, a previsão do mercado é que a taxa média de câmbio para 2004 fique em R$ 2,82, ante os R$ 2,93 do ano passado. "Não trabalhamos com a possibilidade de um dólar abaixo de R$ 2,80. O cenário não é positivo e já trabalhamos com uma queda nas exportações do próximo ano", diz Fábio Pilpcher, diretor de marketing da AGCO.

Para Pastre, a taxa de câmbio a R$ 3 não satisfaz as montadoras por que houve uma forte pressão de custos. As montadoras estão com suas margens cada vez mais pressionadas em decorrência do aumento dos preços de alguns dos principais insumos. "O preço do aço terá um aumento este ano de 64% em real. Acreditamos que no próximo ano o aumento não seja tão expressivo, mas continuará, sem dúvida, acima do IGP", afirma Golfarb, ao lembrar que os valores do plástico subiram 45%.

Apesar do cenário pouco otimista, o desempenho das exportações este ano está muito bom. O setor embarcou em novembro 2.385 unidades, com uma arrecadação de US$ 142,9 milhões, crescimento de 26,1% em volume e de 74,1% em receita. No acumulado do ano, as exportações totalizam 28.106 unidades, com receita de US$ 1,56 bilhão, aumento de 47,1% e 83,7%, respectivamente.