Título: Legislativo cria espetáculo da cid
Autor: Luiz Queiroz
Fonte: Gazeta Mercantil, 07/12/2004, Tecnologia da Informação, p. TI-3

Programa Interlegis permite transmissão on-line de sessões das Câmaras de Vereadores pela web. O Poder Legislativo já pode contar com todas as facilidades proporcionadas pela internet, graças ao programa Interlegis do Senado Federal e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que desde 1999 financiam a integração e modernização das Casas Legislativas do País. Um exemplo claro disso é a transmissão de sessões on- line pela web da Câmara de Veradores de Catanduva (SP).

De acordo com o representante do Interlegis na casa, Luciano di Fazio, qualquer cidadão que tenha se cadastrado no portal da Câmara tem condições de acompanhar, ao vivo, as discussões e o trâmite dos projetos. Além disso, no portal, o usuário também pode ter acesso às sessões anteriores que estão arquivadas desde o ano 2000, quando o sistema foi implantado.

Luciano di Fazio revelou que para oferecer essa ferramenta, a Câmara não fez muitos investimentos. "Como o programa Interlegis doa equipamento e treinamento para as casas, não tivemos custos com hardware", disse. Além disso, a casa adotou o software aberto Helix DNA tanto para a codificação como para os servidores. "Esse software é compatível com o Real Media e não exige incremento da máquina para rodar, basta que o computador tenha uma placa de captura de vídeo e áudio, o que ocorre nos equipamentos doados pelo Interlegis", afirmou.

Outra novidade adotada pela Câmara e que deverá ser replicada para outras casas legislativas é o fim da ata de papel. "Como as reuniões são gravadas, não há necessidade de registro em papel do que ocorreu. Afinal, a gravação retrata, com maior fidelidade, todos os momentos da sessão", disse. Segundo ele, para introduzir a ata digital, a Câmara vai adquirir um gravador de dvd para ter mais segurança.

Durante o III Seminário Nacional Interlegis, que ocorreu nos dias 2 e 3 de dezembro, quando Fazio expôs a realidade da Câmara de Catanduva, o diretor geral do programa, senador Romeu Tuma, destacou que quase 50% das casas legislativas brasileiras já estão conectadas. "Isso significa um universo de 2,7 mil Câmaras de Vereadores, 26 Assembléias Legislativas, Câmara dos Deputados, Senado Federal, Câmara Distrital do DF, além do Tribunal de Contas da União (TCU)", afirmou. O senador também informou que a meta é chegar em mais de três mil Câmaras até a metade do ano.

No seminário, os participantes tiveram a noção da capacidade e das vantagens da Rede Nacional Interlegis (RNI), que transmite dados, imagem e voz por fibra ótica e integra as casas legislativas, assim como o TCU. Uma das vantagens elencadas é que em todas as pontas dessa rede, estações de videoconferência possibilitam a realização de debates e discussões em tempo real. No portal (www.interlegis.gov.br), que recebe cerca de 140 mil visitas mensais, os participantes souberam que estão disponíveis informações relacionadas especialmente ao Poder Legislativo. No total são 11 seções principais que destacam temas como Comunidade Legislativa, Educação, Finanças, Fiscalização, Cidadania e o papel do vereador. O usuário também encontra textos relacionados à Constituição, leis orgânicas e Código Civil Brasileiro.

Os participantes também tiveram a oportunidade de debater o tema "A formação das Comunidades Virtuais e a Sociedade da Informação", com a publicitária Luciana Garcia. Durante a palestra, ela destacou que a internet cresce em movimentos vertiginosos a ponto de ter um milhão de usuários a cada mês, no mundo. "Hoje, são 600 milhões de usuários ligados à rede", disse.

A publicitária também mencionou que no Brasil, a web é ferramenta de compra, serviços bancários, leitura e que tem uma vantagem em relação às demais mídias: estabelece a possibilidade de interatividade. "Isso é importante, pois permite uma comunicação eficaz", afirmou. Segundo Luciana Garcia, no Brasil, cerca de 2,8 milhões de jovens de classe A e B se conectam cerca de 14 horas por mês à rede, e portanto, segundo ela, há uma oportunidade de geração de conteúdo em sites para esse público que hoje já tem uma identidade.

Luciana Garcia disse ainda que para construir um site o político ou empresário precisa ter em mente que o usuário é o centro do processo de desenvolvimento. A partir de uma coletânea de informações sobre esse usuário, define-se o objetivo, o formato e o conteúdo do site. Ela justifica esse planejamento com base nas informações de que as comunidades se formam de acordo com os interesses comuns. Um exemplo é o Orkut, comunidade de amigos que têm uma relação virtual de troca de experiências pessoais.

Outro exemplo citado pela publicitária é o site do candidato derrotado nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, John Kerry. Luciana disse que o candidato, apesar de derrotado, usou a web intensamente durante sua campanha. "Além de relatar a agenda e todos os compromissos realizados, o candidato criou um espaço para comunidades de simpatizantes. O interessante é que esses simpatizantes criaram um site agregado ao de Kerry para os voluntários de campanha", afirmou.