Título: Kirchner pede apoio da UE nas negociações com credores
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Fonte: Gazeta Mercantil, 31/08/2004, Internacional, p. A-17

Presidente defende salário mínimo pedido por trabalhadores. O presidente da Argentina, Néstor Kirchner, pediu ontem o apoio da União Européia (UE) na "luta" de seu país com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e em sua negociação com os credores, para refinanciar a dívida em moratória, de cerca de US$ 100 bilhões. O diretor-gerente do FMI, Rodrigo Rato, chega hoje a Buenos Aires e se reúne com Kirchner e com o ministro da Economia, Roberto Lavagna, em sua primeira viagem pela América Latina desde que assumiu o cargo. No encontro, será negociada a continuidade do acordo de 36 meses do país com o fundo, vigente desde setembro passado.

A Argentina pediu ao FMI que adie para o final do ano ou começo do próximo a terceira revisão do acordo, que se esperava para julho passado. O adiamento ocorreu porque o fundo considera que algumas metas não foram cumpridas.

Salário mínimo

Kirchner disse acreditar que o salário mínimo no país deveria ser de 450 pesos (US$ 150), colocando pressão sobre grupos de sindicalistas e empresários, que reúnem-se na quinta-feira para defini-lo. Em comentários ao jornal Clarín, publicados na edição de ontem, o presidente afirmou que levando-se em conta a necessidade de se "levantar recursos para o consumo, para mim o salário mínimo não deveria ficar abaixo de 450 pesos". O valor atual é de 350 pesos. Segundo cálculos oficiais, cerca de 350 mil pessoas recebem o mínimo. A Confederação Geral do Trabalho, maior central trabalhista, quer um mínimo de 450 pesos, enquanto os empresários pedem 424 pesos.

A posição de Kirchner é essencial, pois se não houver um acordo entre as partes, o governo decidirá o valor. O governo vem procurando manter a recuperação do consumo doméstico, que representou no primeiro trimestre cerca de 67% do Produto Interno Bruto (PIB).

Jovens

Cerca de 1,5 milhão de jovens argentinos de 15 a 29 anos não estudam nem trabalham, enquanto 1,2 milhão de pessoas maiores de 65 anos não recebem aposentadoria, segundo dados oficiais no domingo pelo jornal Página/12. Os dois grupos formam os setores de maior exclusão social da Argentina. Segundo dados oficiais, o desemprego no país é de 14,4% da população economicamente ativa