Título: A indústria de autopeças prevê escassez de aço
Autor: Sonia Moraes
Fonte: Gazeta Mercantil, 06/12/2004, Primeira Página, p. A-1

Empresas elevam estoque e pagam preços mais caros. A escassez de aço no mercado mundial poderá desacelerar o crescimento da indústria automobilística brasileira em 2005, segundo consenso entre os executivos do setor de autopeças. "Se Estados Unidos e China continuarem comprando aço brasileiro em grandes quantidades, a normalização do abastecimento doméstico só ocorrerá a partir de 2007, isto em razão da falta de capacidade das siderúrgicas para atender ao setor automotivo", disse Sérgio Polisel, diretor administrativo financeiro da Lipos, fabricante brasileira que abastece, com parafusos, montadoras como Fiat, General Motors e Volkswagen.

Já se precavendo de uma possível falta da principal matéria-prima para a fabricação do seu produto, a Eletromecânica Dyna, fabricante brasileira de limpadores de pára-brisa, decidiu, há três meses, alugar um galpão próximo à sua fábrica de Guarulhos, na Grande São Paulo, para elevar o estoque de aço. "O estoque agora é suficiente para 40 dias de produção. Antes, dava para quatro dias. E, de um fornecedor, passamos a trabalhar com quatro", afirmou Celso Liberal, gerente comercial da empresa.

Com a falta do produto no mercado brasileiro, a BorgWarner, fabricante de turbocompressores para motores diesel, quase parou a sua linha de montagem em Campinas, no interior de São Paulo, nos últimos 40 dias. "Além de parafusos, não recebemos eixo de turbo e de embreagem e os fornecedores alegaram falta de aço no País", disse Sérgio Castioni Veinert, gerente geral da empresa. "A única alternativa foi recorrer a outro fornecedor e pagar um aumento de 12% a 15% pelo preço do aço."

O gerente de planejamento de materiais e logística da International Engines South America, Carlos Panitz, admite que, apesar de ter passado a fase mais crítica, o momento atual ainda é preocupante. "Nossos principais fornecedores, que são as empresas de forjaria, fundição e usinagem, avisam que em 2005 terão grande desafio para manter o atendimento", disse Panitz.

Em 2004 a situação foi difícil, admite o gerente de materiais da International, fabricante de motores diesel. "Em maio fomos obrigados a fazer malabarismos para atender à Ford."