Título: Investimento mantém-se baixo
Autor: Otto Filgueiras
Fonte: Gazeta Mercantil, 06/12/2004, Primeira Página, p. A-1

Para economista, taxa de 19% é pouco para sustentar o desenvolvimento. Diferentemente do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, e do presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, que sustentam que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre demonstra que o Brasil entrou no longo ciclo de crescimento, o economista Júlio Sérgio Gomes de Almeida, diretor-executivo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), afirma que "o desenvolvimento sustentável da economia ainda está no nosso imaginário, não está colocado na prática porque nossa taxa de investimento é muito pequena e a nossa política industrial e tecnológica está nascendo agora".

Segundo ele, na afirmação do ministro Palocci, e do presidente do Banco Central, "há um misto de análise e de torcida, e espero que seja mais análise do que torcida". Mas, de qualquer maneira, diz Júlio de Almeida, "eles sabem e nós sabemos que o nosso crescimento sustentável ainda está para ser construído e não se faz com taxa de investimento de apenas 19% do PIB".

Júlio de Almeida diz que nos países asiáticos "a taxa pode chegar em 40% do PIB, mas no caso brasileiro um investimento de 25% do PIB, que é muito maior do que a taxa de 19% atual, já permite um crescimento de 7% ao ano".

Ele observa ainda que os países asiáticos estão crescendo mais do que o Brasil porque seus modelos se orientam na idéia de que a produção é o máximo e é o coração do sistema. Enquanto no modelo de gestão da economia brasileira o pressuposto é que o mercado financeiro é o máximo. Isso é mau para o Brasil e é o que define o seu afastamento do desenvolvimento econômico.

Júlio de Almeida diz que "toda essa gente que está comemorando o resultado do PIB desse último trimestre - e com razão porque é um crescimento bom - devia também fazer um minuto de silêncio, porque o nosso crescimento ainda assim é baixo em face das aspirações do País.