Título: Um partido totalmente divid
Autor: Sérgio Pardellas
Fonte: Gazeta Mercantil, 06/12/2004, Política, p. A-7

O PMDB ainda não sabe se irá realizar sua convenção nacional no próximo fim de semana -setores governistas do partido articulam o adiamento. É certo, no entanto, que a sigla dificilmente deixará de sair desse processo dividido entre forças irremediavelmente antagônicas. Não há consenso nem na própria bancada peemedebista na Câmara dos Deputados.

O líder do PMDB na Casa, deputado José Borba (PR), defende a permanência do partido no governo. Já o ex-líder, deputado Geddel Vieira Lima (BA), por sua vez, um dos principais interlocutores do presidente do partido, deputado Michel Temer (SP), classifica os governistas de caudatários do governo Lula e os desafia a partir para o confronto no voto. "Irão perder", diz.

Gazeta Mercantil - "O senhor acredita que o a prisão de diretores da empresa de segurança Confederal, que pertence ao ministro das Comunicações, Eunício Oliveira (PMDB) enfraqueceu a ala do partido favorável a permanência do PMDB no governo ?

José Borba - Não. É uma situação distinta. Uma coisa nada tem a ver com a outra.

Gazeta Mercantil - Por que o senhor é favorável a permanência do PMDB no governo ?

José Borba - Como líder do partido da base de sustentação do governo Lula obviamente que sou favorável à permanência. Mas estamos articulando uma decisão conjunta, que represente a posição do partido. Sabemos das dificuldade, mas queremos a união e uma decisão que prevaleça para todos.

Gazeta Mercantil - É possível existir convergência mesmo com pedidos para que a convenção do dia12 seja adiada?

José Borba - Sou favorável à convergência. Não poderia ser diferente. Ainda restam 8 dias para que cheguemos na convenção com um pensamento único. E é para isso que estou lutando.

Gazeta Mercantil - Há peemedebistas como os governadores: de Santa Catarina Luiz Henrique e do Paraná, Roberto Requião, que defendem a manutenção do apoio ao governo mas condicionada à entrega dos cargos. O senhor está de acordo?

José Borba - Acho possível desde que haja um entendimento. Como líder não sou a favor nem contra essa tese.

Gazeta Mercantil - Caso a Executiva seja convocada, poderá haver adiamento da convenção?

José Borba - Ainda não sabemos se irá haver a Executiva. Eu, particularmente, estou transitando em todas as alas do partido para buscar um consenso. Espero que o PMDB saia unido desse processo.

A seguir a entrevista com o deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA)

Gazeta Mercantil - Por que o senhor é contra a permanência do PMDB no governo ?

Geddel Vieira Lima - Ficou comprovado durante o governo Lula que nós do PMDB nos tornamos caudatários de projetos que não são nossos. Fica para a opinião pública que somos um partido sem projetos próprios, propostas, um partido de adesistas. É necessário que o PMDB volte as ruas para defender o Brasil.

Gazeta Mercantil - O senhor é favorável à candidatura própria presidência da República?

Geddel Vieira Lima - Um partido do tamanho do PMDB não tem o direito de ficar alijado do processo eleitoral. Sob pena de perder militância. Agora, ninguém pode pensar em candidatura própria estando em ministério.

Gazeta Mercantil - Como o senhor avalia as articulações da ala governista no sentido de adiar a convenção ?

Geddel Vieira Lima - As articulações são legítimas. Agora são úteis apenas para quem tem projetos pessoais, prejudicando o restante do partido.

Gazeta Mercantil - Quantos votos o senhor que governistas contabilizam? .

Geddel Vieira Lima - Apenas digo que se houver convenção e uma posterior votação os governistas vão perder. Eles não têm base.