Título: Discurso de Giuliani inicia convenção republicana
Autor:
Fonte: Gazeta Mercantil, 31/08/2004, Internacional, p. A-18

Partido aprova plataforma conservadora, contra aborto e a favor da guerra. No dia de abertura da Convenção Nacional Republicana, no Madison Square Garden em Nova York, - com falhas no serviço de internet que atrapalhou jornalistas, e um ar-condicionado que enregelou os presentes - o presidente George W. Bush deu entrevistas lembrando da bem-sucedida operação militar para derrubar o talibã, no Afeganistão. No entanto, Bush também gerou confusão em sua mensagem ao dizer, durante uma entrevista à TV, que a guerra contra o terrorismo não pode ser vencida.

"Não acho que ela pode ser vencida, mas acredito que podemos criar condições para que aqueles que usarem o terror como ferramenta sejam menos aceitáveis em partes do mundo", disse Bush na entrevista exibida ontem pela rede NBC. Bush disse que persegue uma estratégia dupla no que se refere ao terrorismo. Tem afirmado que os países democráticos e livres não exportam terrorismo e as sociedades estáveis não produzem terroristas. Contudo, acrescentou que mesmo se a estratégia for bem-sucedida, nada garante que os EUA não estarão ainda combatendo extremistas islâmicos daqui a 20 anos. "Eu sei que se formos firmes, fortes e resolutos - e digo isso com bastante seriedade - será menos provável que seus filhos vivam sob a ameaça do al-Qaeda".

"Foi isso que ele quis dizer"

Altos funcionários da Casa Branca tentaram imediatamente atenuar os comentários do presidente, de que a guerra contra o terrorismo pode não ser vencida, dizendo que ele falou de uma rendição que aspire às guerras convencionais. "Ele falou sobre vencer no sentido convencional. Foi isso que ele quis dizer", disse o porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan.

Em N. York, os republicanos iniciaram a convenção, que durará quatro dias, saudando a liderança de Bush em tempos de guerra e lembrando exaustivamente sua resposta aos ataques de 11/setembro. Na abertura, foi exibido também um documentário, mostrando o ex-prefeito Rudolph Giuliani como "herói" do 11/9. Os delegados aprovaram uma plataforma conservadora, de cumprimento não-obrigatório, que endossa a proibição constitucional ao casamento homossexual e ao aborto e defendendo a atuação de Bush em relação ao Iraque.

Os republicanos estão animados com pesquisas, que mostram Bush à frente de Kerry, por uma vantagem pequena, em termos nacionais e em Estados importantes, como a Flórida. "Vamos sair daqui num movimento que nos levará á vitória", disse o presidente do Comitê Nacional, Ed Gillespie. O vice-presidente Dick Cheney entrou na arena sob os gritos de "Mais quatro anos!".

Os Estados iniciaram votações que serão concluídas na quarta-feira. Além do documentário sobre Giuliani, discursou também o senador pelo Arizona, John McCain. O governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, discursa hoje.

O presidente Bush, disse também à NBC, que o serviço prestado pelo candidato democrata à presidência, John Kerry, no Vietnã, foi "heróico", e que o concorrente "deveria se sentir orgulhoso disso. Ir para o Vietnã foi mais heróico que voar nos jatos de combate, como fiz".

Ao contrário do programa republicano de 2000, no qual as propostas sobre redução de impostos e reforma da educação davam o tom, a plataforma deste ano se apóia no que foi feito pelo governo e oferece uma consolidação dos ganhos. Há quatro anos, quando o país gozava de crescentes superávits, o partido propunha emenda à Constituição dos EUA que tornasse obrigatório o equilíbrio orçamentário. Agora, com déficits acumulados em cada um dos anos do governo de Bush e mais por vir, a plataforma considera o déficit "algo não desejado, mas que pode ser controlado".