Título: Confiança em Lula alcança 63%
Autor: Gisele Teixeira
Fonte: Gazeta Mercantil, 08/12/2004, Política, p. A-12

A sondagem mostrou também que o presidente lidera com folga a corrida eleitoral de 2006. O Natal chegou mais cedo para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A pesquisa feita pelo Ibope para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), e divulgada ontem, é um trenó de boas notícias para o governo. A principal delas é que a confiança no chefe do Executivo atingiu 63% em novembro passado, índice que se aproxima do patamar dezembro de 2003 (69%) e praticamente zera as quedas registradas este ano.

A avaliação do governo também melhorou em praticamente todas as áreas, inclusive as mais criticadas, como o combate à fome e a geração de emprego. Além disso, o presidente aparece em primeiro lugar na corrida pela reeleição, em três cenários, todos contra candidatos tucanos. Como se não bastasse, o levantamento foi feito antes da divulgação do excepcional crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) este ano, que acumula 5,3% até setembro.

"Tudo indica que a curva tende a se acentuar de forma positiva", afirmou o presidente da CNI, Armando Monteiro Neto, acrescentando que o resultado reflete o bom momento da política econômica e a "linha direta" que o presidente Lula consegue manter com a população.

De acordo com a pesquisa, o percentual dos que consideram o governo ótimo ou bom passou de 38%, em setembro, para 41% agora. Já o percentual dos que acham que o governo é ruim ou péssimo caiu de 19% para 16%. É a segunda vez consecutiva que o desempenho do governo apresenta melhora na pesquisa CNI/Ibope.

A aprovação do governo Lula subiu de 55% em setembro para 62% agora. Já a desaprovação caiu de 36% para 30%. Com isso, a diferença entre aprovação e desaprovação é de 32 pontos percentuais.

Os melhores resultados aparecem em áreas consideradas críticas pela imprensa e parte da opinião pública, como as ações de combate à fome e à pobreza. Estas foram citadas como exemplo de bom desempenho por 42% dos entrevistados, contra 36% da pesquisa passada, de setembro. O combate ao desemprego ficou em segundo lugar, sendo citado por 16% dos entrevistados, contra 15% da pesquisa anterior. O item já amargou 7%, em março deste ano. As ações nas áreas de educação e saúde vieram em terceiro lugar, com 15% cada, contra 14% da pesquisa anterior.

Áreas críticas

Os piores resultados ficaram com as ações nas áreas de segurança, emprego e saúde. As ações para resolver a questão da violência foram citadas por 35% dos entrevistados, contra 28% em setembro. O desemprego foi lembrado por 32% (ante 30% do mês anterior), e as ações nas áreas de saúde ficaram com 20% (22%).

A comparação com o governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) continua estável em relação à pesquisa de setembro: 49% acham que o governo Lula é melhor do que o de FHC, enquanto 31% dos entrevistados acham que é igual e 17%, que é pior.

Cenário em 2006A pesquisa também trouxe boas notícias ao governo no que se refere à disputa pelo Palácio do Planalto em 2006. Se a eleição fosse hoje, a oposição teria dificuldades para encontrar um candidato que ameace a reeleição de Lula. O presidente lidera a corrida nos três cenários apresentados, todos contra candidatos tucanos. Os percentuais variam de 42 a 49 pontos.

O prefeito eleito de São Paulo, José Serra (PSDB), é o que aparece mais bem colocado numa eventual disputa contra Lula, com 33% das intenções de voto, o que levaria a briga para um segundo turno. Neste cenário, o presidente aparece com 42%. Em terceiro lugar está o ex-governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho (PMDB) com 8%, seguido por pelo prefeito César Maia (PFL), com 3%. Na segunda lista, Lula alcançou 47% das intenções de voto, seguido pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), com 15%, praticamente empatado com Garotinho (14%). César Maia vem em quinto lugar, com 5%.

Na última hipótese, Lula ficou com 49% das intenções de voto. Anthony Garotinho esteve em segundo lugar, com 16%; à frente do governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), com 9%; e de César Maia, com 5%.

Monteiro Neto destacou o desempenho de Garotinho e disse que, ao contrário do que se esperava, os números mostram que ex-governador não foi afetado por suas derrotas no estado do Rio de Janeiro e pelas sucessivas ondas de violência na capital.