Título: Lamy deverá ser o candidato europeu para direção da OMC
Autor: Claudia Mancini
Fonte: Gazeta Mercantil, 08/12/2004, Internacional, p. A-15
Os 25 países da União Européia (UE) decidiram ontem, em Bruxelas, apoiar a candidatura do francês Pascal Lamy - que foi comissário europeu de Comércio até duas semanas atrás -, para a direção-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC). São candidatos também o embaixador do Brasil em Genebra, Luiz Felipe de Seixas Corrêa, o uruguaio Carlos Pérez del Castillo, ex-presidente do Conselho Geral da OMC, e o ministro do Comércio das Ilhas Maurício, Jayen Cuttaree (mais sobre a candidatura de Corrêa na página A-10).
"A França apresentará a candidatura de Pascal Lamy com o apoio europeu", disse uma fonte do bloco. A decisão foi tomada durante uma reunião do comitê dos ministros do Comércio dos 25 países, e deve ser ratificada amanhã pelos embaixadores em Bruxelas.
"Lamy está interessado no cargo e manteve uma conversa inicial" com (Peter) Mandelson, disse Claude Veron-Reville, porta-voz do atual comissário do Comércio. A porta-voz disse que a candidatura ainda requer aprovação unânime dos países da UE.
O atual diretor da OMC, o tailandês Supachai Panitchpakdi, deixará o cargo em setembro de 2005, mas os interessados em sucedê-lo devem apresentar as candidaturas antes do fim do ano. A do Brasil está sendo apresentada formalmente nesta semana. Lamy também recebeu o apoio do presidente da Comissão Européia (CE), José Manuel Durão Barroso, informou Veron-Reville.
Fontes européias dizem que o ex-comissário preenche os requisitos da OMC: tem experiência em comércio internacional, capacidade de liderança e comunicação, e persegue os objetivos da OMC. As fontes também acham que o fato de haver duas candidaturas latino-americanas "enfraqueceu os dois candidatos", e ambos têm poucas chances de serem eleitos, porque "neutralizaram-se e dividiram o apoio dos latino-americanos".
Em entrevista a este jornal na última segunda-feira, portanto antes da decisão de ontem da CE, e comentando a troca de comissários da Comissão, o chanceler Celso Amorim disse que tinha muito respeito por Lamy, que segundo ele é um excelente negociador.
O chanceler uruguaio, Didier Opertti, mostrou objeção à candidatura de Lamy, porque ele "está identificado con a UE na questão dos subsídios.". Ao menos no Brasil, Castillo também ficou identificado com uma proposta de liberalização agrícola mundial, que apresentou no âmbito da OMC, e que países como o Brasil consideraram alinhada a demandas dos países desenvolvidos.
kicker: Para o chanceler Celso Amorim, Lamy é um excelente negociador