Título: Forbes aponta mulheres mais influentes do País
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Fonte: Gazeta Mercantil, 08/12/2004, Mídia & Marketing, p. A-20
A edição brasileira da revista premiou ontem as 26 mulheres escolhidas em votação que envolveu 20 mil eleitores. A evolução da mulher aos cargos de comando nas grandes corporações começa a escrever um novo capítulo na história econômica brasileira, em que a inclusão de talentos no competitivo mercado de trabalho não será mais alavancada com base em preconceitos. Para chegar ao atual estágio - ainda distante do equilíbrio ideal - a mulher precisou vencer barreiras pré-concebidas para provar que pode fazer aquilo que se costumou designar como "trabalho de homem". Identificar essas batalhadoras, mostrar como chegaram lá e reconhecer a influência que já exercem em suas empresas, comunidades e no próprio dia-a-dia do País são os objetivos do prêmio instituído este ano pela revista Forbes Brasil, cujo resultado foi anunciado ontem, em solenidade no centro de eventos Rosa Rosarium, em São Paulo.
Lançado em março passado, durante a comemoração do Dia Internacional da Mulher, o prêmio "As Mulheres Mais Influentes do Brasil" desencadeou uma série de atividades, como a definição das categorias mais representativas e a pré-seleção de quase 300 candidatas. No dia 14 de outubro, um grupo de formadores de opinião reuniu-se no WTC Club, na zona sul da capital paulista, para selecionar as três candidatas finais para cada categoria. Entre elas figuraram as mulheres consideradas mais empreendedoras, antenadas e sobretudo transformadoras, segundo os organizadores.
"Com suas idéias e iniciativas, elas conseguem gerar mais qualidade, eficácia e sucesso para as empresas em que atuam. Também estão dando um novo perfil às suas profissões e ao desempenho de organizações não governamentais (ONGs). Fazem grupos comunitários, órgãos públicos e até a política funcionar melhor, com resultados efetivos. Elas são realmente decisivas para o nosso dia-a-dia", segundo a coordenadora do prêmio, Mônica Oliveira, que também é diretora de Marketing da revista Forbes Brasil e da Gazeta Mercantil.
Na reta final, foram elencadas 78 candidatas distribuídas em 26 categorias, além de três destaques nacionais atribuídos pela coordenação do prêmio. Esta seleção de brasileiras que fazem a diferença foi submetida aos votos dos leitores da revista no período de 1 a 15 de novembro, por meio do site www.forbesonline.com.br. A votação foi aberta inclusive aos leitores que não eram assinantes e o eleitor podia votar em apenas uma candidata por categoria. Mas não precisava votar necessariamente em todas as categorias. A apuração eletrônica dos votos foi realizada pela empresa ECMetrics, consultoria especializada em pesquisas de mercado com sede em Miami (Flórida, EUA) e tendo sua base brasileira instalada em São Paulo.
Tendo por base outras votações eletrônicas, a coordenação do prêmio esperava até 5 mil votos de internautas nos 15 dias de eleição. Mas houve uma grande surpresa: foram quase 20 mil votos. O resultado (veja tabela) é o assunto de capa da última edição da Forbes Brasil, apresentada ontem durante o evento e distribuída hoje às bancas e aos assinantes.
As vencedoras receberam seus prêmios na festa de ontem à noite para quase 500 convidados e muitas personalidades nacionais. Após a festa, no entanto, restou a dúvida sobre até que ponto as mulheres continuarão avançando, como deveriam, de forma consistente no comando de empresas e instituições do País.
O Grupo Catho, por exemplo, arrisca a previsão de que no futuro próximo elas presidirão 40% das empresas aqui instaladas, tendo por base a evolução verificada nos últimos 10 anos. Já a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) acredita que "a mulher brasileira está na direção do veículo que conduz às transformações de nossa sociedade. Portanto, cabe-nos captar a visão feminina quanto ao seu futuro pessoal e ao futuro do País."
Essa captação tornou-se possível através da pesquisa "Mulheres em Ação", que também ouviu homens. Na forma quantitativa, foram entrevistados homens e mulheres de 28 a 60 anos, das classes A, B e C+, em Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Porto Alegre e Belo Horizonte. Na qualitativa, havia mulheres das três classes, na faixa de 30 a 65 anos e, entre elas, investidoras e não-investidoras na Bovespa. Ficou evidente, pelo levantamento, que as conquistas femininas já se refletem numa melhor qualidade de vida nos tempos atuais.
"De fato, as mulheres estão ficando mais pragmáticas e também mais autônomas, transitando mais livremente entre as diversas facetas de suas vidas: mães, donas-de-casa, consumidoras e profissionais. O ambiente doméstico passou a ser pequeno demais para estas mulheres e seus projetos ¿ hoje elas têm seu caminho, seus interesses, seu mundo", analisou com precisão a jornalista Fátima Pacheco Jordão, responsável pela redação final do resultado do trabalho.
A pesquisa também deixou claro que, para elas, o futuro pode ser incerto, mas não assustador. Entre as que se consideraram preparadas para o futuro - 85% delas - estão as mais jovens, ávidas por informação (forte hábito de leitura de livros, revistas, jornais e de acesso à internet) e, evidentemente, otimistas. São estas que planejam viajar e conhecer o mundo, fazem trabalhos voluntários e doações para entidade beneficentes, são autônomas e ¿ em maior parte ¿ garantem que o sucesso profissional é um dos objetivos mais importantes para o futuro.
E o futuro, segundo as mulheres da pesquisa, pode ser de certa forma gerenciável, por meio de aplicações financeiras mais imediatas e corriqueiras - como poupança e fundos de renda fixa -, que cubram as emergências, contingências e gastos específicos, como as viagens, e pelos investimentos de longo prazo, como a previdência privada, para assegurar uma velhice mais tranqüila.
Diante dos resultados consolidados da pesquisa, o presidente da Bovespa, Raymundo Magliano Filho, parece que entendeu claramente o emergente recado feminino: "Percebemos, sobretudo, que a nova mulher quer participar do mercado de capitais. A seu modo, ela entendeu também que esse mercado, ao capitalizar as empresas, é fonte geradora de empregos ¿ portanto, é uma garantia de que seus filhos, no futuro, terão onde trabalhar".