Título: Novo leilão eleva câmbio em 1,10%
Autor: Jiane Carvalho
Fonte: Gazeta Mercantil, 08/12/2004, Finanças, p. B-1

Desta vez, o banco teria comprado um volume maior da moeda, o que levou a cotação a R$ 2,748. O Banco Central voltou a promover leilões de compra de dólares. A reação do mercado de câmbio à atuação do BC ontem foi bem mais expressiva. O resultado do segundo dia de atuação da autoridade monetária no mercado foi uma alta de 1,10% da moeda. O dólar comercial fechou o dia vendido a R$ 2,748. Segundo analistas de câmbio, além de o BC ter entrado no mercado com o dólar já mais alto, teria comprado um volume maior. Ontem, o BC teria comprado algo entre US$ 70 milhões e US$ 100 milhões, superior ao montante estimado do primeiro leilão - US$ 30 milhões -, mas ainda pequeno diante da média diária de negócios cambiais no mercado à vista, de US$ 1,5 bilhão.

Sem a continuidade do processo de compra de dólares pelo BC, operadores acreditam que a moeda já teria retomado a trajetória de queda. Tanto que no início dos negócios ontem, o dólar chegou a registrar uma desvalorização de 0,29%. Na intervenção feita em janeiro pelo BC, a autoridade iniciou o processo de leilões em 8 de janeiro e só interrompeu a operação em 4 de fevereiro, adquirindo no total US$ 2,9 bilhões e colaborando para uma alta de 1,81% na cotação da moeda. A forma como o BC desta vez dará continuidade nos leilões de compra - preço disposto a pagar, momento de compra e volume - ainda é uma incógnita.

"Está difícil prever os próximos passos do BC e acredito que a intenção é esta mesmo, ou seja, não dar sinais claros do que pretende fazer", diz Hélio Ozaki, gerente de câmbio do banco Rendimento. Ozaki acredita que o BC fará operações erráticas, comprando a preços e volumes bastante diferenciados. "Eles não vão sinalizar o preço claramente para não ficarem reféns de um determinado patamar", diz Ozaki.

Flavio Farah, vice-presidente de Tesouraria do banco WestLB, concorda com o elemento de imprevisibilidade que o BC representa hoje. "O mercado ainda está testando este novo player e não se sabe muito sobre como os leilões terão seqüência e se terão", diz.

Independentemente da forma como os leilões serão feitos, a presença do BC no mercado, para recompor reservas ou apreciar o dólar, é considerada benéfica. "O papel do BC é exatamente este, ou seja, agir para retirar os excessos do mercado e zelar pela moeda, garantindo que o preço não prejudique questões importantes como as exportações", defende Sidney Moura, da NGO Corretora.

No mercado juros futuros, a alta do dólar pressiona os contratos mais longos, que refletem expectativas de inflação maior e, portanto, maior aperto monetário. Na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em abril de 2005, o mais negociado, sinalizou juro de 17,91% ao ano, contra 17,86% do ajuste da véspera. Janeiro projetou taxa de 17,48% para a virada do ano, ante 17,47% do ajuste anterior. A taxa do DI de janeiro de 2006 evoluiu de 17,68% para 17,79%. No mercado internacional de títulos públicos, o C-Bond fechou com valorização pequena, de 0,06%, negociado a 101,438% do valor de face. No horário de fechamento do mercado local, o risco-país estava em 402 pontos, um recuo de 2,4%.(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 1)(Jiane Carvalho)