Título: Setor deve movimentar recorde de R$ 100 bi
Autor: Alessandra Paz
Fonte: Gazeta Mercantil, 08/12/2004, Finanças, p. B-1

O mercado brasileiro de cartões de crédito deve movimentar no ano R$ 100 bilhões, valor 20,9% superior ao volume transacionado em 2003. Esse resultado proporcionará o aumento da participação do volume de transações de cartões de crédito sobre o total do consumo privado brasileiro - passando dos 9,6% de 2003 para 10,1%. "A expectativa nos próximos cinco ou seis anos é chegar a uma participação de 20%", afirmou o presidente do Credicard Banco, Roberto Lima, ontem, durante a apresentação do estudo "Desempenho do mercado de cartões em 2004."

Segundo o executivo, o setor também quebrará o recorde de número de transações, com a marca de 1,245 bilhão de operações efetuadas em 2004. Na análise de Lima, o meio de pagamento está sendo utilizado mais para as compras do dia-a-dia, o que justifica o aumento nas transações. Paralelamente, o valor da compra média também deve crescer, saltando de R$ 76 para R$ 80 entre um exercício e outro. Em 12 meses, o número de cartões deve passar de 43,7 milhões para 55,6 milhões de unidades.

Incentivado pelas vendas de Natal, dezembro será o mês de maior faturamento do ano. A projeção é de R$ 11,5 bilhões, com crescimento de 23,9% em relação a dezembro de 2003. O valor da compra média deve rondar os R$ 90 em comparação aos R$ 84 em dezembro de 2003.

As taxas de crescimento do segmento decorrem principalmente da substituição dos meios de pagamento tradicionais, em especial o cheque, pelo cartão. Hoje, as operações com cartões de crédito representam 59,5% do volume de cheques compensados, enquanto no início de 1994 esta relação era de 5%.

O desempenho do setor no conjunto das operações de crédito também resultou da substituição do cheque especial pelo cartão de crédito. "As pessoas começam a perceber que as taxas nominalmente elevadas dos cartões são mais vantajosas se comparadas aos juros do cheque especial", diz Lima. Esse processo de migração foi incrementado pelo maior número de estabelecimentos credenciados - hoje são mais de 800 mil - e pela garantia do recebimento do crédito pelos lojistas.

Pelo dados do Banco Central - que não contemplam, porém, as administradoras de cartões, empresas não financeiras - os créditos tomados via cartões chegaram a R$ 7,453 bilhões em outubro, uma evolução de 15,1% neste ano.

Outro fato que marcou 2004 foi a crescente popularização do cartão de crédito. Há seis anos, 9,8% do total da base de cartões, ou 2,3 milhões, era de consumidores com renda entre R$ 200 e R$ 500 mensais. Atualmente, esse segmento possui 10,5 milhões de cartões, que correspondem a 18,9% do total da base emitida. Além disso, segundo dados fornecidos pelo Credicard, o volume de transações na baixa renda deverá somar R$ 6,6 bilhões, o equivalente a 6,7% dos R$ 100 bilhões previstos para o setor. De acordo com o IBGE, há 25 milhões de pessoas neste grupo de renda, valor que corresponde a 39% da População Economicamente Ativa (PEA).