Título: Nossa Caixa ocupa lugar do Citi no ranking
Autor: Adriana Cotias
Fonte: Gazeta Mercantil, 03/12/2004, Finanças, p. B-2
Ativos de instituição paulista aumentaram R$ 2 bilhões no 3º trimestre; banco americano reduz posição em R$ 6,6 bi.
Poucas mudanças no ranking consolidado do Sistema Financeiro Nacional (SFN) no terceiro trimestre. Da primeira até a nona colocação não há alterações, segundo o critério do Banco Central BC) que exclui do ativo total a intermediação formada por instrumentos de alta liquidez. As principais movimentações ocorrem a partir do 10º lugar, que era ocupado pelo Citibank em junho e agora traz o Banco Nossa Caixa.
A instituição norte-americana perdeu duas posições em relação ao fim do primeiro semestre, pois reduziu sua exposição no mercado brasileiro em R$ 6,6 bilhões. Em setembro, os ativos sem a intermediação somavam R$ 22,3 bilhões. Procurada, a assessoria do banco informou que seguindo as normas da Securities and Exchange Commision (SEC, na sigla em inglês), o conglomerado não comenta assuntos relacionados a resultados financeiros.
A Nossa Caixa, por sua vez, ganhou R$ 2,0 bilhões em ativos só no trimestre, chegando a R$ 29,6 bilhões. Em junho, o banco estatal detinha a 11ª colocação, que passou a ser ocupada pelo Banco Votorantim, com R$ 28,1 bilhões.
Outro destaque entre os 20 maiores bancos é o Banco Alfa, que, entre junho e setembro subiu duas posições, passando ao 16º lugar, com R$ 7,8 bilhões em ativos. O Banco Rural também avançou da 20ª para a 18ª colocação, com R$ 7,4 bilhões. O Banco Santos, antes da intervenção do BC, estava no 22º lugar, com R$ 6,3 bilhões.
Pela ótica do resultado, o lucro líquido trimestral dos 50 maiores bancos e do Sistema Financeiro (SFN) em geral teve um incremento modesto em relação a setembro de 2003. No primeiro caso, os ganhos aumentaram 4,5%, a R$ 6,0 bilhões. Considerando-se os 50 maiores bancos, que representam 82,2% dos ativos do sistema, houve um aumento de 0,7%, a R$ 4,7 bilhões. Nas estatísticas do BC com base em março e setembro, o lucro líquido é apresentado sem considerar o valor correspondente às despesas com pagamento de juros ao capital próprio.
"Os resultados finais tiveram algum impacto de ágio, no caso de Itaú, que se associou ao Pão de Açúcar, e do Bradesco e também da queda dos juros que teve reflexos na carteira de títulos públicos, como ocorreu no Banespa", diz o economista da Lopes Filho & Associados, João Augusto Salles.
Entre setembro de 2003 e setembro de 2004, os ativos de crédito do sistema cresceram 17,7%, a R$ 453,0 milhões. Mas as receitas oriundas dessa intermediação caíram 4,1%, a R$ 30,0 bilhões, reflexo da redução dos juros e dos "spreads" neste intervalo. Em contrapartida, a arrecadação com prestação de serviços aumentou 19,2%, para R$ 8,9 bilhões e já cobrem 104,5% das despesas com pessoal. Em setembro de 2003, estas receitas eram suficientes para pagar 90,3% da folha.
Para o último trimestre do ano, a previsão é de que esta dinâmica se repita. "Com a recuperação do emprego deve haver maior tomada de crédito pelas pessoas físicas e mais gente bancarizada", diz a analista do setor bancário do Banif Primus, Catarina Pedrosa. "E o aumento da Selic nos últimos meses também vai ajudar nos resultados finais, porque boa parte dos ganhos ainda vem das receitas com títulos públicos."
Salles concorda que não será o aumento da Selic que vai esfriar os ânimos de consumo. "Os spreads para pessoas físicas aumentaram, mas só de forma residual."