Título: Preço sobe com previsão de geadas
Autor: Cristina Rios
Fonte: Gazeta Mercantil, 31/08/2004, Agribusiness, p. B-12

A possibilidade de ocorrência de geadas para a próxima semana nas áreas produtoras de soja dos Estados Unidos espalhou nervosismo no pregão, provocando alta de 4,2% nos futuros da soja na bolsa de Chicago.

Coincidência ou não, a maior cotação dos últimos trinta dias ocorre justamente no momento mais intenso de vendas da safra nova norte-americana. Se a alta pode ser um incentivo para os produtores norte-americanos, ela ainda parece ser insuficiente para os brasileiros, que continuam resistindo a negociar o rescaldo da safra velha 2003/04.

De acordo com meteorologistas, a aproximação de uma massa de ar polar vinda do Canadá deverá causar queda acentuada de temperaturas, com a possibilidade de geadas na Dakota do Norte, Dakota do Sul, Wiscosin e Minnesota entre os dias 9 e 13 de setembro. O Global Weather Services (GWS) informa que a queda de temperaturas é atípica para esta época do ano. Historicamente, as massas de ar polar alcançam o Meio-Oeste entre meados e o final de setembro, quando oferecem pouco risco às lavouras. No atual estágio de desenvolvimento das plantações, no entanto, o frio pode reduzir o teor de óleo e a produtividade, já que as lavouras estão na fase de enchimento de grãos.

Ontem, os contratos da soja com entrega em novembro foram negociados a 620,50 centavos de dólar o bushel, ou US$ 13,68 a saca na bolsa de Chicago.

Comercialização lenta

Continua lenta a comercialização da safra velha de soja do Brasil. "Os produtores ainda resistem a negociar a soja, apostando que os preços devem subir", diz Renato Sayeg, da Tetras Corretora. "Já encontrei produtores do Mato Grosso que dizem que não vendem por menos de R$ 45 a saca", diz. Ontem, a saca estava cotada no estado a R$ 35. "Os sojicultores estão capitalizados e não acreditam que o governo norte-americano deixará os preços caírem demais a ponto de prejudicar seus próprios produtores, que começaram a colheita", diz um trader de São Paulo. "Por isso, os brasileiros ainda apostam numa recuperação", afirma.

Sayeg estima que 84% da safra 2003/04, de 51,5 milhões de toneladas, foi comercializada. Em igual período do ano passado, o índice era de 83%.

Ontem, no final do dia, o Departamento de Agricultura dos EUA divulgou um fator que poderá resultar em novas altas em Chicago. Em seu relatório de condição das lavouras, 64% das plantações estão em situação de ótima a excelente, uma piora em relação aos 67% da semana anterior. O Usda não informou a razão para essa deterioração das lavouras.