Título: O futuro das concessionárias
Autor: Hugo Maia
Fonte: Gazeta Mercantil, 09/12/2004, Opinião, p. A3

Muito se vem falando sobre o futuro da distribuição automotiva, no Brasil e no mundo, o que passa pelo papel das entidades que, como a Fenabrave, representam esse segmento. Muitas dessas "análises" são feitas por profissionais competentes; algumas vezes nem tanto - a falta de experiência ou a má formação levam aos falsos gurus.

Um bom exemplo disso foi a tão falada "ameaça da internet", que, segundo alguns, decretaria o fim das concessionárias. Essa ameaça não apenas não se confirmou como, ao contrário, a web se transformou em aliada na oferta de informações aos consumidores, que, na verdade, jamais deixaram de se relacionar com as concessionárias.

Fato é que a Fenabrave e as associações de marca que a compõem, não preocupadas com premonições, mas sim em estar à frente, acompanhando as tendências avaliadas pelo mercado mundial, passaram a investir na internet como canal de propagação de projetos de vanguarda aos concessionários e público em geral. Hoje, todas têm seus portais: a Fenabrave tem o Tela (www.tela.com.br), exclusivo e totalmente voltado para embasar as atividades dos concessionários (com mais de 20.000 acessos/mês), e o site aberto (www.fenabrave.org.br), pelo qual se comunica com a opinião pública.

Muitas vezes, as premonições dos "falsos gurus" são por vezes tão óbvias que não deveriam merecer sequer atenção. Assim acontece em relação ao que falam, atualmente, sobre o futuro da distribuição automotiva nas mãos de grandes grupos e/ou grupos multimarca. Parece-nos que esse fato já é de conhecimento de todos.

Conhecer o que se passa no mundo é primordial e, por isso, a Fenabrave se relaciona com a National Automotive Dealers Association (Nada), que representa mais de 19 mil concessionários norte-americanos; com o International Car Distribution Programme (ICDP, Instituto de Pesquisa sobre o Setor da Distribuição na Europa), com a Associación Latino Americana de Distribuidores de Automotores (Aladda, latino-americana) e outras, permitindo desenvolvimento de projetos que condizem com a realidade futura das concessionárias em todo o mundo, adaptados à realidade brasileira.

E qual será esse futuro, se alguns "gurus" ainda insistem que o futuro das concessionárias é tão incerto?

Além do ocorrido com a internet, a preservação das concessionárias é algo incontestável mundialmente. No último fórum automotivo, promovido pelo ICDP, o pesquisador John Kiff apresentou trabalho conclusivo afirmando, contundentemente, que "as concessionárias são e serão sempre necessárias". As razões principais, apontadas pelo pesquisador, esbarram no fato de que a concessionária é a única responsável pelo ciclo da distribuição, uma vez que vende o novo e/ou usado, realiza assistência técnica, garantia, etc., até chegar ao processo que leva o cliente à nova compra. Tudo isso, além de responder pela integração junto à indústria.

Com base nesses fatos, concluímos que, além da permanência obrigatória da concessionária no setor automotivo, o futuro da distribuição está nela própria. Ou seja, está nos negócios gerados por ela mesma. Aliás, como empresas brasileiras, dependentes do mercado interno, cabe a essas concessionárias realizar seus próprios investimentos, assumir seus próprios riscos e resultados.

Para isso, suas entidades representativas desenvolvem ferramentas que permitam o aprimoramento das redes em termos empresariais, sem, contudo, deixar de lado a representação política da classe, participando de comissões, conselhos, grupos de trabalho, seminários, eventos em geral com o governo, fornecedores, montadoras, órgãos de divulgação e consumidores.

E, se o futuro aponta para a capacitação, a Fenabrave desponta na vanguarda, com mais de 13 mil executivos e colaboradores de concessionárias de todo o País já capacitados pela Universidade do Concessionário do Futuro (UCF, maior estrutura de ensino à distância existente no setor).

Guias práticos sobre concessionária enxuta, serviços rápidos, peças de reposição, certificações de qualidade, escola de F&I, academia de vendas, cases de sucesso, além do congresso anual, onde tendências são debatidas, são outros exemplos de vanguarda alavancados pela Fenabrave.

Esses acontecimentos é que servirão de base para os passos que ligarão ao futuro das redes de distribuição, de forma alicerçada e que, por serem de conhecimento e acesso exclusivo das redes de concessionárias, não "aparecem" na mídia nacional.

Portanto, a única perspectiva cabível de futuro é que os mais de 4,8 mil concessionários, com seus mais de 240 mil funcionários, irão se manter com rentabilidade no mercado, na forma que esse mesmo mercado exigir, seja como grupos, joint ventures, multimarca ou outros formatos que levem à satisfação e fidelização daquele que é objeto único deste negócio: o cliente.

kicker: A distribuição de veículos ocupa mais de 240 mil funcionários e mais de 4,8 mil concessionários