Título: Brasil e Argentina retomam discussão sobre salvaguardas
Autor: Gisele Teixeira
Fonte: Gazeta Mercantil, 09/12/2004, Nacional, p. A4
Chanceler diz que política industrial comum pode ser uma solução. O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse ontem que acredita ser possível achar uma solução criativa para resolver o impasse causado pelas salvaguardas da Argentina, que visam reduzir o comércio entre os dois países e proteger determinados setores industriais. O assunto será tratado em uma reunião na próxima sexta-feira, em Buenos Aires.
Ontem, durante a III Reunião de Presidentes da América do Sul, em Cuzco, no Peru, o chanceler ressaltou que o Brasil não é um país que "sai dizendo não" e que há outras maneiras para resolver o problema, como, por exemplo, uma política industrial comum.
Segundo o chanceler Celso Amorim, o governo brasileiro reconhece que há um "problema" comercial com a Argentina, mas também que é necessário que os dois países tentem, juntos, encontrar as soluções.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que também está no Peru para a III Reunião de Presidentes da América do Sul, evitou falar do caso, mas ressaltou que não interessa ao Brasil, neste momento, criar problemas com a Argentina.
A saída, segundo as duas autoridades, será usar das "qualidades" do Brasil que, segundo Amorim, "sabe negociar e é diplomático nas relações internacionais".
O chanceler destacou que o comércio entre Brasil e Argentina bateu recorde neste ano e que os problemas atingem apenas 3% dos negócios entre os dois países.
O ministro considerou "natural" a ausência de três presidentes membros do Mercosul ¿ Néstor Kirchner, da Argentina; Nicanor Duarte, do Paraguai; e Jorge Batlle, do Uruguai ¿ na III Reunião de Presidentes da América do Sul, e negou que o fato possa ter enfraquecido o Mercosul.
"Eu preferia que eles estivessem aqui, mas os países têm seus problemas internos. A ausência deles é compreensível. Não significa que não dêem importância à integração sul-americana", disse o ministro Celso Amorim.