Título: Requião elogia mas mantém disputa
Autor: Ivanir José Bortot
Fonte: Gazeta Mercantil, 09/12/2004, Energia, p. A8

Governador diz que energia pode ficar mais barata no país e Copel teme inadimplência. O governador Roberto Requião, que recorreu, sem êxito, ao Supremo Tribunal Federal para impedir que a Companhia Paranaense de Energia(Copel) participasse do pool de venda energia, telefonou à Ministra de Minas Energia, Dilma Rousseff, para cumprimetá-la pelo sucesso do leilão realizado na última terça-feira. "Eu disse a ela que ao fim das contas, apesar dos riscos de uma operação de venda feita por leilão, seu modelo de pool poderá ter a virtude de estender aos demais consumidores brasileiros as mesmas vantagens da energia barata com que já contam os paranaenses graças à ação firme e diligenciosa deste governo", disse Roberto Requião.

O governador disse à ministra que reconhecia o êxito do leilão por conseguir amenizar o peso das tarifas elevadas cobradas em outros Estados. "Ainda que para isso tenha sido necessário obrigar a Copel e o Paraná, por mecanismos e com argumentos dos quais discordamos, a ceder sua energia barata", afirmou.

O presidente da Copel, Paulo Pimentel, informou que a empresa vendeu toda a sua oferta de 1.500 megawats de energia velha a um preço inferior ao esperado. Embora aguarde a conclusão de estudos técnicos que estão sendo realizados para dimensionar com clareza todos os efeitos do leilão sobre a empresa, Pimentel não espera impactos significativos nas receitas da Copel como conseqüência da operação. "Da mesma forma, na ponta compradora os preços também foram equivalentes, caracterizando uma situação que parece ser de equilíbrio".

O presidente da Copel entende que o principal reflexo do leilão do pool será de outra ordem administrativa. Ele acredita que a empresa vai perder um pouco da sua flexibilidade como corporação, já que antes as operações entre geradora e distribuidora se davam internamente, de uma forma direta e transparente. Agora, a área de geração da Copel terá de tratar com 64 distribuidoras que passarão a ser suas clientes "que trazem como conseqüência inevitável, nessa relação um risco que antes não existia, o da inadimplência, com o qual teremos de passar a conviver".

Mesmo com a efetivação do leilão de energia velha do qual a empresa participou contra a sua vontade, o presidente da Copel disse que prosseguirá na batalha judicial pelo reconhecimento dos aditivos que estendem o contrato inicial de suprimento entre as subsidiárias de geração e de distribuição até dezembro de 2015.

O contrato inicial firmado entre a Copel Geração e a Copel Distribuição põe à disposição do mercado consumidor paranaense cerca de 1.500 megawatts médios produzidos nas usinas da própria estatal, o que dispensaria a empresa de colocar essa energia à venda no leilão e, na outra ponta, adquirir volume equivalente.