Título: Embrapa lança plantas para adaptar produção e combater praga
Autor:
Fonte: Gazeta Mercantil, 31/08/2004, Gazeta do Brasil, p. B-13

Frente à ameaça da sigatoka negra, a mais temível doença já diagnosticada da bananeira, a Embrapa desenvolve pesquisas, disponibiliza cultivares resistentes e ensina novas práticas de cultivo aos produtores rurais da Amazônia. A Embrapa Amazônia Ocidental (Manaus/AM) lança hoje mais duas cultivares de bananeiras resistentes ao mal: Prata Caprichosa e Prata Garantida, que também são resistentes à sigatoka amarela e ao mal-do-Panamá, e fazendo a recomendação técnica da cultivar Pelipita, resistente a sikatoga negra. A prática vale para todo os estados - no Sul, a praga ataca plantações no Paraná e Santa Catarina.

O evento será realizado às 10h, no Auditório do Parque de Exposições Agropecuárias Angelino Beviláqua (Expoagro), em Manaus/AM. Haverá a presença de produtores rurais e entidades ligadas à pesquisa e extensão do Estado do Amazonas e dos pesquisadores Luadir Gasparotto, José Clério e Mirza Carla Pereira, da Embrapa de Manaus e do pesquisador José Carlos Nascimento, da Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas/BA), unidade responsável pela produção de alguns híbridos de bananeiras já disponibilizadas na Amazônia.

A Prata Caprichosa apresenta rendimento agronômico de três a cinco vezes superior e maior resistência ao despencamento que a cultivar Prata Comum, com sabor idêntico.

A Prata Garantida tem número e tamanho de frutos e produtividade superiores as cultivares Prata São Tomé e Prata Comum. Os frutos apresentam sabor mais adocicado do que os da Prata São Tomé e possuem resistência ao despencamento quando comparados à Prata Comum. A cultivar Pelipita está sendo recomendada pela Embrapa com o objetivo de substituir as bananas D¿angola ou Pacovan e Terra ou Pacovi, as quais têm sofrido redução significativa nas suas produções devido ao ataque severo da sigatoka-negra.

Os frutos da cultivar Pelipita apresentam vantagens comparativas em relação aos frutos da banana D¿angola ou Pacovan, tais como 650% mais fibra e 625% menos gordura na polpa, o que lhe confere maiores digestibilidade e rendimento industrial, quando empregadas na fabricação de farinha e banana `chips¿.

A Embrapa pesquisa alternativas de combate à sigatoka-negra desde a entrada da doença no Brasil, em 1998. Já recomendou cinco variedades e agora vai aconselhar os produtores a adotarem mais três cultivares. A sigatoka- negra, causada pelo fungo Mycosphaerella fijiensis, já dizimou bananais nativos na região Norte, Centro Oeste e mais recentemente vem atingindo as plantações do Vale do Ribeira, em São Paulo, onde se concentrada 20% da produção nacional de bananas.

A experiência adquirida com a sigatoka negra pelos pesquisadores da Embrapa Amazônia Ocidental, Luadir Gasparotto e José Clério, está provocando uma série de convites de produtores rurais, institutos de pesquisa e de desenvolvimento do Vale do Ribeira para prestarem apoio técnico.

Na primeira semana de agosto, os pesquisadores estiveram a convite da UNESP (Universidade Estadual de São Paulo) na cidade de Registro participando de um seminário sobre medidas de controle da doença e de visitas na plantações.