Título: Setor crescerá 6,8% neste ano
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Fonte: Gazeta Mercantil, 09/12/2004, Mercado Imobiliário, p. A17

Depois de amargar três anos de quedas consecutivas, o setor da construção civil volta a registrar crescimento. Dados do Sinduscon-SP divulgados ontem mostram que segmento apresentará alta de 6,8% em 2004 na comparação com o ano anterior. O número vai superar as estimativas iniciais feitas pela entidade, a qual previa incremento de 4,5% neste ano. Apesar do aumento, o sindicato constatou que a recuperação ainda não chegou às pequenas e médias construtoras.

Levantamento realizado em novembro com 310 empresários de todo o país indica que houve redução em todos os quesitos pesquisados e diminuição das expectativas quanto aos resultados para este ano. "Com todos os números de crescimento - nos nove primeiros meses do ano houve aumento de 6,3% na produção de materiais de construção e de 58% das unidades imobiliárias financiadas pela Poupança - , esperávamos que a pesquisa apresentasse melhora, mas o que ocorreu foi exatamente o contrário, com redução no desempenho e empresários pouco otimistas", afirma a economista da GV Consult, Ana Maria Castelo. A executiva explica que 60% da sondagem foi respondida por pequenos e médios empreendedores.

O estudo revela que a retração não foi uniforme. Os empresários do Sudeste e Centro-Oeste se mostraram mais pessimistas, enquanto os do Nordeste e Sul continuaram indicando incremento no desempenho de suas atividades. "Apesar dos números positivos, o sentimento ainda não é generalizados", afirma o presidente do Sinduscon-SP, João Cláudio Robusti.

Para Ana Maria Castelo, a construção civil, de fato, vai contabilizar crescimento neste ano, mas esse incremento não foi disseminado geograficamente e ainda não chegou às pequenas e médias empresas brasileiras.

Grandes construtoras

Segundo a executiva, os resultados do consumo de aço confirmam que as grandes construtoras já sentem o reflexo do crescimento. Isso porque o consumo de vergalhão registrou aumento de 21,5% no acumulado de janeiro a outubro, na comparação com igual período do ano passado. "Este tipo de material é usado por grandes construtoras, em obras de porte", diz Ana Maria. Já o cimento, utilizado também por pequenas e médias empresas, cresceu apenas 0,24% no País, de janeiro a outubro, e recuou 5% em São Paulo.

Perspectivas para 2005

As estimativas do Sinduscon-SP para o próximo ano são positivas, com previsão inicial de alta de 4,6%. "Existem boas sinalizações e uma delas vem justamente da área imobiliária," afirma a economista, explicando que os agentes financeiros do Sistema Brasileiro de Poupança e Crédito (Sbpe) devem liberar R$ 12 bilhões em 2005, quatro vezes mais do que neste ano. "Em 2004, houve maior disponibilidade de recursos e demanda na outra ponta existiu; a questão, entretanto, é saber se ela existirá também no próximo ano", diz, ao acrescentar que o comprador precisa sentir segurança no cenário macroeconômico para tomar a decisão de adquirir o imóvel.

A recuperação da indústria também pode repercutir positivamente no desempenho da construção em 2005. O segmento industrial, diz a economista, começa a acelerar suas atividades, o que resulta em investimentos e expansão de sua capacidade física, refletindo diretamente sobre o setor.