Título: O dólar continua em queda, aqui e lá fora
Autor: Jiane Carvalho
Fonte: Gazeta Mercantil, 06/12/2004, Finanças & Mercados, p. B-1

O dólar encerrou a semana passada em queda de 0,91%, vendido a R$ 2,709. O recuo foi estimulado pela reabertura do bônus global 2014 pela República e também pelos dados de emprego dos Estados Unidos. A criação de 112 mil vagas de trabalho nos EUA em novembro, abaixo da expectativa, reduziu o temor de que o Fed possa subir os juros. Como conseqüência, o dólar continuou sua trajetória de queda (na sexta-feira, o euro bateu novo recorde frente ao dólar, chegando à cotação de US$ 1,3454 e a libra alcançou US$ 1,9438), ajudando a derrubar o mercado local. Os títulos da dívida brasileira valorizaram-se e o risco-país recuou.

Na sexta-feira, tanto o mercado local quanto o internacional trabalharam refletindo os dados de emprego norte-americano. "A tendência do dólar era de uma ligeira alta, mas quando os números foram divulgados a moeda lá fora começou a cair e o câmbio aqui acompanhou o movimento", diz Flavio Farah, vice-presidente de Tesouraria do banco WestLB. Nesta semana, além dos dados parciais de inflação, o mercado acompanhará a divulgação dos números sobre a utilização da capacidade instalada, pela CNI, e de produção industrial, pelo IBGE.

Também por conta dos dados sobre emprego nos EUA, os títulos brasileiros subiram. Com o crescimento abaixo do esperado no nível de emprego, diminuiu o temor de aumento do juro básico da economia do país, o que faz com que os investidores se voltem para países emergentes como o Brasil. Na sexta-feira, o principal papel da dívida externa brasileira, o C-Bond, fechou com alta de 0,31%, negociado a 101,188% do valor de face. O Global 40 avançou 1,31%, vendido a 116,063% do valor de face.

Na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), os contratos mais curtos permaneceram estáveis e os mais longos fecharam novamente em queda. Além dos dados de emprego nos EUA, a queda na cotação do petróleo também ajudou. O barril tipo WTI, negociado na Bolsa de Mercadorias de Nova York, caiu 1,64%, negociado a US$ 42,54, o menor valor em três meses.

O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em abril de 2005, o mais negociado, com um giro financeiro de R$ 16,7 bilhões, projetou juro de 17,85% ao ano, ante os 17,89% do ajuste anterior. Janeiro, que sinaliza a Selic de dezembro, projetou taxa de 17,47% para a virada do ano. Já para janeiro de 2006, a taxa passou de 17,73% para 17,64% ao ano.