Título: Executivo terá apoio do PMDB, afirma o ministro da Casa Civil
Autor: Sérgio Pardellas e Sérgio Prado
Fonte: Gazeta Mercantil, 06/12/2004, Primeira Página / Política, p. A-1
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá se encontrar essa semana com o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), para discutir a ampliação do espaço dos governistas do partido na Esplanada dos Ministérios. Apesar de o resultado da convenção ter comprometido a relação institucional do governo com o PMDB, o presidente Lula manterá as negociações com os governistas.
Se não forem contemplados com mais um ministério, serão deslocados para uma pasta mais robusta com orçamento, caneta e tinta como reivindica parte da legenda. Dessa forma, o presidente pretende assegurar o apoio congressual de pelo menos 19 senadores e 43 deputados, que na última semana assinaram uma nota defendendo a permanência do partido na base.
No sábado, o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, disse que o governo espera contar com o PMDB para ajudar o Brasil se desenvolver. "Com eles (o PMDB) saindo ou não contaremos com a legenda", ressaltou o ministro.
No domingo, o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) afirmou disse que o governo tem uma relação estratégica com o PMDB e que a maior parte dos senadores e deputados da legenda manifestaram apoio ao governo. Segundo Mercadante, 20 dos 23 senadores do PMDB assinaram uma carta garantindo apoio ao governo, e 52 dos 76 deputados federais também o manifestaram, dizendo que o partido irá pernavencer na base governista. Para ele, o mesmo ocorre com os ministros que são do PMDB e estão no governo, Amir Lando (Previdência Social) e Eunício Oliveira (Comunicações). "Tenho certeza que o caminho é o diálogo e a continuidade", afirmou Mercadante. "É importante para o governo, para o País e o PMDB."
Tensão na convenção
A convenção nacional do partido realizada no domingo foi de tensão e expectativa por mais de seis horas. Tudo começou pela manhã, quando com uma liminar da Justiça, - concedida pelo desembargador Asdrúbal Nascimento, que acatou o recurso do senador Ney Suassuna (PMDB-PB)- da ala governista da legenda, dava os efeitos da convenção como suspensa. Mas, no final da tarde do domingo, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal cassou a liminar e a convenção teve efeito legal.
Na mesma hora, o presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer (SP), pediu ao desembargador que reconsiderasse a decisão. Temer disse ao desembargador que a decisão judicial foi tomada com base nas decisões da última reunião da Executiva do partido e que a convenção foi convocada no dia 10 de novembro.
O encontro terminou pouco antes das 19 horas e os votos estavam sendo contados até o fechamento desta edição.
O placar da convenção do PMDB foi 381 votos a favor da saída do partido do governo, sendo que apenas quatro convencionais votaram contra. A tese da candidatura própria em 2006 recebeu 384 votos.
Apesar do resultado, os governistas da legenda avisam que ninguém sairá do governo. Esta afirmativa é do senador Renan Calheiros, líder peemedebista no Senado.
O deputado Michel Temer também descartou a idéia da convocação de uma nova reunião da Executiva para decidir o afastamento dos dois ministros do PMDB -Eunício Oliveira (Comunicações) e Amir Lando (Previdência Social)- do quadro partidário.
Presença dos Diretórios
Dos 27 diretórios regionais do país -26 Estados mais Distrito Federal-, apenas cinco não mandaram representantes, os comandados por governistas: Alagoas (Renan Calheiros), Paraíba (Ney Suassuna), Mato Grosso (Carlos Bezerra), Rondônia (Amir Lando) e Rio Grande do Norte (Henrique Eduardo Alves). O dia foi de conversas para fazer articulações por todos os lado da convenção.
kicker: José Dirceu disse que o Planalto tem relação estratégica com o partido