Título: Derrubada dos juros
Autor: Rothenburg, Denise
Fonte: Correio Braziliense, 13/04/2011, Política, p. 2/3

Como não conseguiu dar ao empresariado brasileiro a certeza de que a China irá se voltar para a compra de produtos de maior valor agregado, a presidente Dilma Rousseff foi direta em relação aos juros, um ponto que, na política interna brasileira, é uma grande reivindicação do empresariado: ¿Vamos buscar ao longo do meu governo uma taxa de juros compatível com a taxa de juros internacionais. Não estou dizendo que vou derrubar os juros depois de amanhã. Estou dizendo que num horizonte de quatro anos é possível, sim, e esse é um desafio que o Brasil vai precisar enfrentar. Pelo menos, dessa vez¿, disse Dilma, com uma pontinha de cobrança pelo fato de o Brasil não ter enfrentado o assunto da forma que o ex-vice-presidente José Alencar, morto no mês passado, tanto se referia.

Ela tocou na necessidade de redução dos juros ao mencionar o câmbio valorizado que tanto incomoda os exportadores brasileiros: ¿Temos em relação ao câmbio uma grande preocupação. Temos tomado todas as medidas possíveis num quadro em que a política cambial é de flexibilidade. Por que estamos (tomando essas medidas) todos sabemos. Vai desde a política de ajuste dos países desenvolvidos até o fato de que o país opera com taxas de juros mais elevadas do que o resto do mundo. Não é uma situação que resolvemos por decreto. Agora, o governo esta consciente, alerta e tomando as medidas necessárias para que isso não se transforme num problema maior do que já é¿, afirmou, antes de acenar com a redução gradual dos juros.

A presidente deve tratar mais detalhadamente da questão do câmbio fixo da China na segunda parte da visita, a reunião do Brics, em Sanya, na ilha da Hainan, a partir de amanhã. (DR)