Título: Megaleilão reduz preço em até 4,42%
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Fonte: Gazeta Mercantil, 10/12/2004, Energia, p. A6

Estudo da Aneel indica que o impacto será maior nas tarifas das principais distribuidoras. O impacto do leilão de energia existente nas tarifas das principais distribuidoras do país, de modo geral, será negativo em 2005, de acordo com estudo concluído pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Para a Eletropaulo, distribuidora da região metropolitana de São Paulo, por exemplo, será de menos 4,42% e para a paranaense Copel, de menos 3,25. Para a Light, do Rio de Janeiro, será negativo em 2,96%.

São empresas que estavam comprando energia, via contratos iniciais, mais caras que o preço que acabou vingando no leilão. Em média, o megawatt-hora (MWh) ficou em R$ 57,51 para entrega a partir de 2005, com contratos de oito anos.

Para a Cemig, estatal mineira, as tarifas terão efeito de alta em função do leilão, de 0,21%. Segundo a Aneel, a empresa pagava em média R$ 54,61 o MWh em seus contratos iniciais e, agora, terá de arcar com preços mais elevados na compra de parte de sua energia.

Na média, o leilão impactará negativamente em 2,5% nos preços das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, ainda de acordo com a Aneel. A ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, havia informado na quarta-feira que o impacto médio seria de queda de 5% nas tarifas, baseada em estimativa preliminar.

Especificamente para o Sudeste, o efeito será negativo em 2,30%, na média. Para o Nordeste, o impacto será praticamente nulo, com pequeno acréscimo de 0,06%, enquanto que para o Norte deverá ser de aumento de 0,65%.

Isso não significa, no entanto, que esses percentuais representam exatamente o que virá nos próximos reajustes de tarifas aos consumidores. De acordo com o diretor-geral interino da Aneel, Eduardo Ellery, o peso do item energia na composição de preço das tarifas varia de 30% a 35%, sem impostos, dependendo de cada distribuidora.

A Aneel não preparou estudo sobre o impacto do leilão para 2006 e 2007 porque, segundo Ellery, existem muitas variáveis.

Ellery disse que, como cerca de 8% da demanda das distribuidoras para energia de 2006 - 560 MW médio - não foi atendida no leilão, a Aneel ainda avalia uma forma de fechar essa brecha. Segundo ele, não será possível usar os leilões de ajustes, por se tratar de volume grande de energia.

O leilão atendeu toda a demanda de energia para 2007 e quase a totalidade para 2005 (98,5%), segundo Ellery que evitou comentar a reclamação de boa parte das geradoras de que os preços formados acabaram ficando muito baixos, sobretudo por culpa da atuação das estatais federais. "Aconteceu o que deveria ter acontecido: muita competição", disse Ellery. Ontem, começaram a ser assinados os 973 contratos entre as 35 distribuidoras e as 12 geradoras que fecharam negócios no leilão de energia existente feito na terça-feira.

kicker: "Aconteceu o que deveria ter acontecido: muita competição"