Título: Divergências na Opep mantém barril em alta
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Fonte: Gazeta Mercantil, 10/12/2004, Energia, p. A6

O petróleo fechou em alta, ontem, pelo segundo dia consecutivo após vários membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) terem exortado seus colegas a reduzir a produção, e impactado, também, pela queda maior do que a esperada das reservas de gás natural dos Estados Unidos na semana passada.

Os contratos com entrega para janeiro fecharam em alta de 59 centavos de dólar, a US$ 42,53 por barril na bolsa nova-iorquina. Em Londres, o tipo Brent terminou o dia com alta de 98 centavos de dólar, cotado a US$ 39,67.

Antes da reunião da Opep no Cairo, a ser realizada hoje ministros do Petróleo de Kuwait, Emirados Árabes Unidos, Líbia, Venezuela e Argélia fizeram um apelo para que a produção dos países-membros não supere as cotas oficiais do cartel. O grupo está produzindo cerca de 1 milhão de barris por dia a mais do que sua meta diária de 27 milhões de barris.

"Acho que temos de cortar toda a produção excedente", disse o ministro do Kuwait para o Petróleo, Xeque Ahmad al-Fahd. "Temos de cortar 500 mil bpd do teto. Talvez não agora, mas temos de decidir isso para o segundo trimestre."

Guy Caruso, chefe da Administração de Informações de Energia dos EUA (EIA, na sigla em inglês), disse a jornalistas na quinta-feira que a Opep deveria manter sua produção. "Ainda achamos que nossas reservas estão muito baixas", afirmou. A EIA informou na quinta-feira que os estoques de gás natural caíram mais do que o esperado por analistas.

As previsões de frio para o leste dos EUA na próxima semana, o que estimulará o consumo de óleo para aquecimento, também estiveram por trás da alta.

Purnomo nega

Apesar dos apelos pelo corte nas cotas excedentes, o presidente da Opep, Purnomo Yusgiantoro, disse ontem no Cairo que a entidade deve seguir autorizando seus membros a superar sua cotas de produção de óleo bruto, já que os preços e a demanda se mantêm altos. "Do ponto de vista da Opep, os excedentes da produção de petróleo devem seguir autorizados, pois a demanda é forte e os preços elevados", afirmou.

A Opep tem uma cota de produção de 27 milhões de barris diários, mas produz de fato 28,5, um excedente de 1,5 mbd. Os preços do petróleo, apesar da forte queda nas últimas semanas após as máximas alcançadas no fim de outubro (US$ 55 o barril), se mantêm agora em um nível historicamente alto (entre US$ 40 e US$ 43). A Opep debaterá hoje sua política petrolífera a médio prazo.