Título: Esquerda do PT indica Pinheiro como candidato
Autor: Paulo de Tarso Lyra
Fonte: Gazeta Mercantil, 10/12/2004, Política, p. A7

O deputado Walter Pinheiro (PT-BA) é o pré-candidato da esquerda petista na disputa interna para a presidência da Câmara. O nome de Walter será oficialmente lançado na reunião da bancada da próxima terça-feira, quando os petistas começam a discutir os procedimentos de escolha do sucessor de João Paulo Cunha (PT-SP) na presidência da Casa. Os petistas também aproveitaram para divulgar um documento contundente, cobrando mudanças na política econômica do governo e uma atuação política mais efetiva e consonante com a história do partido.

"Este documento é fruto do seminário que realizamos em São Paulo no início desta semana. Quanto ao meu nome, está à disposição na busca de um consenso interno da bancada", declarou o parlamentar baiano.

Deputados da esquerda, como Doutor Rosinha (PT-PR) e Chico Alencar (PT-RJ), reforçaram o desejo de que a escolha do nome no PT para a disputa da presidência aconteça de forma democrática e negociada. Mas não escondem que Pinheiro tem o apoio de um terço dos parlamentares, justamente o grupo que se contrapõe às decisões da ala majoritária.

"O Walter tem estofo, grandeza intelectual e história, é um grande nome", enalteceu Alencar.

Segundo ele, é preciso ser garantido o direito do PT de indicar o candidato à presidência da Câmara. Acrescenta que este precisa ter uma plataforma de atuação, lutando por uma atuação mais incisiva do Parlamento, com agenda própria, evitando o soterramento dos trabalhos pelo excesso de medidas provisórias. "Não significa um confronto com o Planalto, mas a retomada da capacidade de formulação da Câmara", justificou.

Críticas ao governo

No documento divulgado ontem, no entanto, a esquerda petista garante que está entre os que torcem para o sucesso do governo Lula. Mas não poupam críticas às decisões tomadas até o momento pelo Executivo. Atacam a política de juros, de superávites, o distanciamento em relação aos movimentos sociais. Declaram que, ao invés de se comemorar o simples aumento do PIB, é preciso lamentar-se a ausência do trabalho na formação da renda nacional. Os petistas também não aprovam as relações do partido com o Planalto. "O PT não será transformado em correia de transmissão de todas as decisões", diz o documento.