Título: Abinee estima faturamento 24% maior
Autor: Rita Karam
Fonte: Gazeta Mercantil, 10/12/2004, Indústria & Serviços, p. A10

A Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) projeta para este ano crescimento real de 11% e nominal de 24%, com faturamento de R$ 79,5 bilhões. Duas áreas se destacam em desempenho: telecomunicações, com 51% de aumento nominal, 33% real e receita de R$ 13,2 bilhões; e utilidades domésticas com 20% de aumento nominal, 19% real e receita de R$ 14,9 bilhões.

"Deflacionado, o faturamento ainda está abaixo de 2001 (2% menor), mas os números revelam a tendência de crescimento em 2005", afirmou o presidente da Abinee, Ruy de Salles Cunha.

A entidade projeta aumento nominal de 18% para o próximo ano, com receita estimada em R$ 94 bilhões. A área de telecomunicações continuará liderando a expansão, na avaliação da Abinee, que prevê aumento de 26% para 2005, graças ao bom desempenho da telefonia celular. Neste ano, o forte incremento na demanda interna reduziu em 48% as exportações de celulares. As vendas externas que totalizaram US$ 1,07 bilhão em 2003 vão cair para US$ 551 milhões, de acordo com a Abinee. Mas em 2005 as exportações do produto serão retomadas, já que há vários investimentos em curso como o anunciado este mês da LG em Taubaté (SP), disse o presidente da área de telecomunicações da Abinee, Paulo Castelo Branco.

A projeção para 2005 considera um aumento de 4,5% no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e uma política de juros mais baixos e câmbio favorável às exportações. Entre os fatores que poderão contribuir para essa expansão estão a continuidade dos investimentos em Geração, Transmissão e Distribuição de Energia (GTD) que neste ano teve crescimento real de 4% com receita de R$ 5,51 bilhões; o crescimento da construção civil e os programas do governo de inclusão digital e na área de energia elétrica.

Exportações em alta

As exportações da indústria elétrica e eletrônica ficarão 9% maiores este ano com receita de US$ 5,1 bilhões. A venda externa de componentes eletroeletrônicos se destaca com crescimento de 15% e receita de R$ 1,96 bilhão. Considerando a venda por produto os celulares são o principal item da balança, apesar da queda deste ano; em segundo lugar ficam os motocompressores herméticos com exportações de US$ 493 milhões, 7% maiores do que em 2003. Mas foram os fogões (50%) e os refrigeradores (49%) que apresentaram a maior expansão, com receita de US$ 104 milhões e US$ 244 milhões respectivamente.

Aumenta déficit comercial

As importações, entretanto, cresceram mais, 27% e devem somar US$ 12,5 bilhões. Com isso, o déficit da balança comercial do setor aumentou 42% e ficará em US$ 7,4 bilhões. Os componentes são os produtos mais importados: aumento de 40% este ano, atingindo US$ 7,8 bilhões. O diretor da área, Francisco Rosa, disse que a indústria local de componentes não consegue investir porque não enxerga o acesso ao mercado doméstico. Rosa afirmou que os impostos sobre os componentes fabricados fora da Zona Franca de Manaus chegam a ser maiores do que o dos importados. As empresas brasileiras de componentes atendem entre 5% e 20% da demanda local por componente, dependendo da área.