Título: Dólar sobe e vai a R$ 2,781; BC anuncia, mas não faz leilão
Autor: Jiane Carvalho
Fonte: Gazeta Mercantil, 10/12/2004, Finanças & Mercados, p. B1

O dólar comercial fechou em alta pelo quarto dia consecutivo, com valorização de 0,80%, vendido a R$ 2,781. O efeito "Banco Central", que ontem anunciou o terceiro leilão da semana mas não aceitou pagar os valores pedidos pelo mercado, foi novamente determinante na apreciação do dólar. Além disso, prosseguiu o movimento das tesourarias dos bancos para trocar de posição, apostando na valorização da moeda. Segundo analistas, metade das posições dos bancos já foi desfeita - eles passaram de "vendidos" a "comprados".

O BC anunciou o novo leilão no momento em que o dólar comercial estava em queda, com recuo máximo de 0,25%. Segundo operadores das mesas de câmbio, as propostas de compra ficaram entre R$ 2,770 e R$ 2,780. A oferta não agradou ao BC, que estaria disposto a pagar R$ 2,754. Mesmo sem comprar um único centavo, o movimento do BC foi suficiente para reverter o movimento de queda. "O que importa é a atitude, mais do que o volume, e o BC deu o recado", diz Sidnei Moura, diretor executivo da corretora NGO.

A decisão do BC de não pagar valores acima do mercado também foi entendido como um recado, de que irá frear movimentos especulativos. "O BC só vai comprar dólares quando houver pressão na venda e pela cotação do mercado", diz Mario Paiva, da corretora Liquidez. "Desta vez, o BC conseguiu pressionar o dólar sem gastar um tostão."

No mercado internacional, ontem também foi um dia de recuperação para a moeda americana. A cotação do euro frente ao dólar caiu para ¿ 1,3311, um recuo de 0,21% em relação à cotação de quarta-feira. A valorização do dólar lá fora também é apontada pelos analistas como um dos fatores que ajudam na apreciação da moeda no mercado local.

No mercado de juros futuros, negociados na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), as projeções recuaram. O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2005, que sinaliza a Selic a ser definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) na semana que vem, indicou de taxa de 17,49% ante 17,52% da véspera. O contrato com vencimento em abril de 2005, o mais negociado com um giro financeiro de R$ 17,9 bilhões, projetou um juro de 17,81% ao ano, contra 17,87% da véspera.