Título: Economia paraense registra avanço desde 2000
Autor: Raimundo José Pinto
Fonte: Gazeta Mercantil, 10/12/2004, Gazeta do Brasil, p. B14

Estado subiu em 2002 da 12ª para a 11ª posição no ranking nacional e lidera na região Norte, à frente do Amazonas. O Produto Interno Bruto (PIB) do Pará em 2002 foi de R$ 25,530 bilhões, um crescimento de 3,70% em relação ao registrado em 2001, que havia sido de R$ 21,748 bilhões. Em 2002 a participação paraense no PIB nacional ficou em 1,90%, um pouco acima do percentual de 1,81% registrado no ano anterior. Entre os dois anos, o Pará avançou da 12ª posição em termos nacionais para a 11ª, ultrapassando o Espírito Santo. Esse avanço tem sido constante nos últimos três anos de divulgação, porque em 2000 o Pará estava em 13º lugar, tendo ultrapassado o PIB do Ceará para ocupar a 12ª posição no ano seguinte.

Com os R$ 25,530 bilhões, o Pará teve a maior participação no PIB da região Norte (total regional de R$ 67,788 bilhões), com 37,66%, vindo em seguida o Amazonas, com 36,92% (PIB de R$ 25,030 bilhões); Rondônia com 10,75% (R$ 7,284 bilhões; Tocantins com 5,23% (R$ 3,545 bilhões); Amapá com 3,91% (2,652 bilhões); Acre com 3,33% (R$ 2,259 bilhões) e Roraima com 2,20% (R$ 1,488 bilhão).

Mas esse bom desempenho da economia paraense não se refletiu na retenção da renda no estado. O PIB per capita paraense ficou em apenas R$ 3.887,00 em 2002, o 21º entre os 27 estados brasileiros, mantendo a mesma posição de 2001, quando o nosso PIB per capita havia sido de R$ 3.383. O PIB per capita brasileiro em 2002 era de R$ 7.631,00.

Parceria com os estados

Esses dados foram divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em conjunto com os estados. Em Belém, a divulgação foi feita durante uma entrevista coletiva na Secretaria Executiva de Planejamento, Orçamento e Finanças (Sepof), pela secretária Marilea Sanches e por Lucia Cristina de Andrade, da diretoria de Pesquisa, Estudos e Informações.

O trabalho faz parte de uma parceria do IBGE com os órgãos estaduais de pesquisa, as secretarias estaduais e a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) e integra o projeto das contas regionais. São informações sobre a evolução do PIB, calculado a partir de estatísticas sobre o valor anual da produção, consumo intermediário e valor adicionado de cada atividade.

Contém também indicadores de crescimento do volume de produção anual de cada atividade econômica e os respectivos índices anuais de preços dos bens e serviços produzidos e dos principais insumos consumidos. A divulgação relativa ao ano de 2002 pode parecer em princípio defasada, mas como explicou Lucia Cristina, algumas pesquisas levam determinado tempo para serem realizadas e completadas.

Investimento

A taxa de crescimento do PIB paraense em 2002, de 3,70%, foi maior do que a taxa média do Brasil, que ficou em 1,93%, como vem ocorrendo nos últimos anos. Mas a taxa paraense ficou abaixo da evolução do PIB da região Norte, de 5,60%.

De acordo com Marilea Sanchez, isso é parcialmente explicado pela magnitude dos valores do PIB dos demais Estados da região amazônica - à exceção do Amazonas - , que têm uma base produtiva reprimida e qualquer variação significativa nos níveis de suas atividades tem impacto considerável nesses resultados.

A secretária estadual disse que os dados divulgados são resultados da maturação dos investimentos que o governo do estado fez a partir de 1997 e 1998 em obras de infra-estrutura, como a energia do Tramoeste e o transporte, com a Alça Viária e pavimentação de rodovias, e incentivo à verticalização da produção, com o surgimento de novas agroindústrias no estado.

Ela destacou que isso pode ser comprovado pelo fato de que, entre as 15 atividades que compõem o PIB estadual, a indústria de transformação foi a que obteve a maior taxa de crescimento em 2002, com 8,60%, com destaque para a metalurgia e os minerais não-metálicos. Esse setor tem uma participação de 14% na composição do PIB paraense.

A maior participação nesse quesito, no entanto, continua sendo do setor agropecuário, com 25,60% do PIB do Pará. O crescimento da agropecuária em 2002 em relação a 2001 foi de 5,64%, com destaque para a pimenta-do-reino e o cacau entre os produtos de cultura permanente, e a mandioca e o arroz entre as culturas temporárias, além da pecuária bovina.

Entre os anos de 1999 e 2002, a agropecuária vem apresentando uma taxa média anual de crescimento de 6,74%, o que as técnicas da Sepof atribuem, em parte, ao apoio do setor público à verticalização da agroindústria, além das obras públicas de infra-estrutura, com a melhoria da malha rodoviária estadual, o que facilita o escoamento da produção.

O destaque negativo ficou para o setor da indústria extrativa mineral, com uma participação de apenas 3,43%, uma queda de 7,51% entre 2001 e 2002, o que, segundo Marilea Sanchez, mostra que o governo estadual está no caminho certo em buscar agregar mais valor à produção mineral.

Depois da indústria de transformação e da agropecuária, o destaque fiou com o setor do comércio, com uma taxa de crescimento de 5,22%, com realce para a venda de veículos novos e usados, peças e acessórios, com uma participação de 5,66% no PIB do Estado.

Para Marilea Sanches e Lucia Cristina de Andrade, a evolução do PIB paraense registrada entre 2000 e 2002 deverá ser mantida nos anos de 2003 e 2004. Isso porque, dentro da produção agropecuária, por exemplo, a produção de grãos teve um crescimento de 37% em 2003, enquanto a pecuária cresceu 11% no mesmo ano.

É o que mostra a Pesquisa Agrícola Mensal e a Pesquisa Mensal da Pecuária, do próprio IBGE. E o consumo de energia elétrica na indústria teve um incremento de 19% no mesmo ano, de acordo com a Rede Celpa. Outro dado que reforça essa tendência é que a geração de emprego vem crescendo na economia paraense desde 1998. E entre janeiro e outubro de 2004, foi contabilizada a criação de quase 40 mil empregos.

Números negativos

Os dados divulgados ontem pelo IBGE relativos às contas regionais mostram que o ano de 2002 foi marcado pelo bom desempenho da agropecuária, com uma taxa de 7%, e da extrativa mineral, que cresceu 11,7%, em especial a extração de petróleo.

Na região Norte, o crescimento de 9,2% obtido em Rondônia foi reflexo do desempenho da agropecuária (21%). Já no Amazonas, o destaque foi a indústria de transformação, com 14%, crescimento puxado mais uma vez pelo setor eletrônico, que cresceu 26% em 2002. Só a produção de telefone celular teve um aumento de 89%.

Apesar do bom desempenho obtido pelo PIB paraense neste início de século, dados históricos divulgados ontem pelo IBGE revelam que o Pará já ocupou a 9ª posição entre os estados brasileiros em 1990, caindo para a 12ª em 1995 e para 13ª em 2000. No acumulado entre 1985 e 2002, o Norte teve um crescimento de 139% de seu PIB. Entre os estados da região, o Amazonas ficou em primeiro lugar nesse período com 248%, Roraima em segundo com 140%, Amapá em terceiro com 115%, Rondônia em quarto com 97% e o Pará apenas em quinto, com 92%.

O Pará teve o menor crescimento acumulado entre 1994 e 2002, com apenas 27%, enquanto a região Norte cresceu 51% e só o Amazonas cresceu 100%. Entre 1990 e 1993, o crescimento acumulado do PIB do Pará foi de somente 8%, enquanto o do Norte ficava em 11% e o do Amapá era o maior da região, com 26%.

A melhor classificação paraense foi obtida no acumulado de 1985 a 1989, quando o seu PIB aumentou 35% (o do Norte subiu 28%), perdendo apenas para Roraima, com 40%.

kicker: Investimentos feitos em 1997 em transporte se refletiram em 2002

kicker2: Produção agropecuária e de grãos garantirá crescimento do Pará