Título: Ainda ministro, Ciro estuda mudar de partido
Autor: Paulo de Tarso Lyra e Sérgio Prado
Fonte: Gazeta Mercantil, 14/12/2004, Política, p. A-8

O ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, decide nos próximos dias o rumo político que irá tomar daqui por diante. Sem condições de permanecer no PPS, após a decisão do Diretório Nacional de deixar imediatamente o governo, Ciro estuda propostas tanto do PTB quanto do PT.

Políticos ligados ao ministro apostam também que ele poderá adiar a decisão, ficando um tempo sem filiações partidárias. Na prática, isso não atrapalharia futuros vôos eleitorais, já que a legislação obriga a filiação partidária, para fins de candidatura, apenas um ano antes das eleições posteriores. Ou seja, outubro de 2005.

Ciro chegou a conversar com a cúpula petista. Muito especulou-se de um convite ao ministro para que entrasse no partido do presidente Lula, para disputar a prefeitura do Rio. Aliados temem, contudo, que a ida para o PT engesse os planos políticos do ministro da Integração Nacional. A única certeza é de que Ciro continua no Ministério, garantia dada pelo próprio presidente, durante a reunião ministerial na Granja do Torto, na última sexta-feira.

O presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire (PE), só quer pensar no futuro, deixando o passado como uma página virada. Freire reagiu com indiferença às declarações de Ciro. O ministro afirmou que o saldo positivo desta crise é não precisar mais conversar com Freire. "Isso denuncia bem a dimensão do Ciro. O País quer discutir políticas, não agüenta mais a intromissão do PT nos assuntos internos dos partidos", devolveu Freire.

O presidente do PPS confirmou que a legenda não tem mais ministros no governo. Acrescentou que não gostaria de presenciar uma revoada de parlamentares, insatisfeitos com a decisão do Diretório Nacional. Mas afirmou que a decisão tomada visa manter o respeito da sociedade em relação ao PPS. "O partido tem que se respeitar e será respeitado. Mesmo que menor", apostou.

Nesses novos rumos, Freire confirmou a busca de alianças com o PDT, o PSDB e o grupo do PMDB favorável à independência. Lembra que militou contra a ditadura ao lado de alguns peemedebistas históricos, como o senador Pedro Simon (RS) e o governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos.

O líder do PPS na Câmara, Júlio Delgado (MG), reúne hoje a bancada para decidir o que fazer. Admite que o partido já está menor desde o final de semana, independente da saída ou não de parlamentares da legenda. "A decisão do diretório é inócua."