Título: Consumo interno puxa o PIB para 4,2% no semestre
Autor: Mônica Magnavita, Cristina B. Guimarães e Edna Sim
Fonte: Gazeta Mercantil, 01/09/2004, Primeira Página, p. A-1

Exportações líquidas deixam de ser o fator decisivo. O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro acelerou o crescimento no segundo trimestre deste ano, impulsionado pelo mercado interno e não mais pelas exportações, como havia ocorrido no trimestre anterior. Segundo dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), além do consumo interno, os investimentos - a Formação Bruta de Capital Fixo - também contribuíram decisivamente para o resultado.

O crescimento do PIB foi de 5,7% no segundo trimestre deste ano e de 4,2% no primeiro semestre, nos dois casos em comparação com iguais períodos de 2003. Em relação ao primeiro trimestre deste ano, no indicador com ajuste sazonal o PIB aumentou 1,5% no segundo trimestre. Nos últimos quatro trimestres, a alta foi de 1,7%, ante os quatro trimestres imediatamente anteriores. Para comparar com o crescimento da economia norte-americana, que anualiza a taxa, o PIB brasileiro cresceu 6,1% no segundo trimestre.

Cálculos do economista Mauricio Oreng, do Unibanco, mostram que no primeiro trimestre deste ano as exportações líquidas haviam sido responsáveis por 75% do crescimento do PIB (e 25% por conta da demanda doméstica), mas no segundo trimestre essa relação se inverteu, ficando apenas 39% do crescimento por conta do setor externo. O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) chegou à mesma conclusão, com números diferentes: no primeiro trimestre, 55% do crescimento deveu-se ao desempenho das exportações líquidas e no segundo trimestre o setor externo foi responsável só por 15,4% do crescimento; a demanda doméstica respondeu por 84,6%.

Em Brasília, o governo comemorou os resultados do trimestre, mas o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, alertou que "o crescimento do PIB é conseqüência da estabilidade macroeconômica, mas é um efeito de curto prazo". O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, disse que persegue objetivos de longo prazo e advertiu para a necessidade, no curto prazo, de eventuais ajustes na economia.