Título: Missão do novo secretário é "arrumar a casa"
Autor: Neila Baldi
Fonte: Gazeta Mercantil, 14/12/2004, Agribusiness, p. B-12

Dar maior eficiência ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento é a missão do novo secretário-executivo da pasta, Luís Carlos Guedes Pinto, que assume hoje. Sai José Amauri Dimarzio e muda o estilo de governar. O antigo palpitava em todos os assuntos agrícolas. O novo vem com a missão de pensar o ministério internamente e não se expor.

Guedes Pinto deixa a presidência da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que será assumida pelo seu substituto direto na hierarquia, o diretor-administrativo Jacinto Ferreira. Os demais diretores permanecem em seus cargos. No entanto, nos bastidores do governo comenta-se que o cargo de Ferreira poderia ser interino, pois a estatal serviria de moeda de troca com o Partido Progressista (PP) na reforma ministerial a ser realizada até 15 de fevereiro.

O secretário assume com a incumbência de implantar a nova estrutura do ministério. No novo organograma, serão cinco secretarias e não mais quatro, todas sob a sua supervisão. Será criada a Secretaria Especial de Negociação e Promoção Internacional e reformuladas as demais. Entre as inovações, passa a existir a Secretaria de Produção e Agroenergia, responsável pelas políticas para o café, o setor sucroalcooleiro e o biocombustível, sob o comando de Linneu Costa Lima, e a Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo, a cargo de Manoel Valdomiro Rocha, que seria responsável por programas de agregação de valor aos produtos do agronegócio. As demais secretarias mantêm suas denominações. Entre os serviços a serem melhorados, Guedes Pinto destaca o registro de produtos e a defesa sanitária. Estarão sob seu comando também as câmaras setoriais, as delegacias de agricultura e todo o orçamento e administração do ministério.

Guedes Pinto deixa a Conab "mais profissional", segundo ele. Para dar esse caráter, quando assumiu, fez questão de que todos os cargos de confiança fossem técnicos e não políticos. Além disso, implantou um programa de capacitação dos funcionários.

Balanço da gestão

"Entrego a empresa em processo de revitalização, bem desenvolvida", afirma Guedes Pinto. Ele destaca como mudanças ocorridas em seus quase dois anos de gestão, a ampliação dos estoques públicos e da rede de armazenagem. Ao final do governo passado, os armazéns credenciados da Conab tinham 416 mil toneladas de algodão, arroz e milho. Hoje, são 1,2 milhão de toneladas, que incluem também café, trigo e feijão. A rede de armazéns próprios, que era de 33 unidades, passou para 85.

"Demos continuidade aos programas tradicionais e melhoramos algumas atividades", diz, ao explicar que a empresa informatizou o levantamento de safra, incluindo imagens de satélite. Segundo ele, o projeto Geosafras foi procurado pelo Vietnã, Inglaterra e países do Mercosul. Outro destaque de sua administração foi a participação da Conab em programas dos ministério do Desenvolvimento Agrário e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. A empresa adquiriu produtos de agricultores familiares, a preços de mercado, totalizando R$ 113 milhões em 2004, de 57 mil famílias. Para o próximo ano, espera investir R$ 200 milhões, beneficiando 100 mil famílias. Além disso, distribuiu mais de 1,7 milhão de cestas básicas para o Fome Zero.

Para 2005, uma das grandes metas da empresa é conseguir garantir a renda dos produtores rurais. "Estamos preocupados com o aumento dos custos de produção e a queda dos preços das commodities agrícolas", avalia Guedes Pinto. Segundo ele, o governo pretende conseguir recursos da ordem de R$ 2,5 bilhões para o apoio à comercialização, dando apoio principalmente para as culturas de arroz, algodão, milho e soja.