Título: A estabilidade tornou possível conquistas de curto prazo, diz Appy
Autor: Mônica Magnavita
Fonte: Gazeta Mercantil, 01/09/2004, Nacional, p. A-5

A estabilidade econômica brasileira possibilitou conquistas de curto prazo como o crescimento de 4,2% do Produto Interno Bruto (PIB) do País no primeiro semestre deste ano, em relação a igual período de 2003, o maior avanço registrado desde o primeiro semestre de 2000 (4,7%). "O crescimento do PIB é consequência da estabilidade macroeconômica, mas é um efeito de curto prazo", afirmou o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Bernard Appy.

Segundo ele, o País ainda não colheu integralmente os benefícios de longo prazo. Um desses efeitos, que não virá do dia para noite, será a mudança na forma da atuação da s empresas, que passará de defensiva para competitiva. Appy explicou que em momentos de instabilidade as empresas reduzem os investimentos porque o risco de perder dinheiro é grande. "No longo prazo, a tendência é de que as empresas repassem mais para o consumidor o ganho de produtividade", afirmou Appy.

A estabilidade macroeconômica é fundamental para o desenvolvimento de financiamentos de longo prazo do país. Para ele, é fundamental o fortalecimento do mercado de capitais brasileiro, seja via ação ou títulos privados. Bernard Appy afirmou que o governo está estudando várias propostas para reduzir a carga tributária utilizando os espaços fiscais. Uma das idéias é a desoneração tributária da intermediação financeira.

Mesmo com a divulgação ontem de um crescimento do PIB, muitos economistas afirmaram que ainda existem dúvidas com o crescimento de longo prazo, o que atrapalha a retomada dos investimentos do país. O anúncio do PIB mostra que o país terá condições de crescer acima de 4% neste ano. O pesquisador sênior do Ipea, Armando Castelar Pinheiro, afirmou que os resultados apresentados pelo IBGE mostram uma recuperação forte da economia brasileira.

"A recuperação é bastante forte e significa um crescimento anualizado de algo em torno de 6%. O país não tem condições de sustentar este crescimento", afirmou Pinheiro. Ele acrescentou que este número deverá cair nos próximos trimestres devido, principalmente, a ausência de investimentos.

Furlan já fala em mais de 5%

Já o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio exterior, Luiz Fernando Furlan, disse que o Brasil poderá crescer até mais de 5% neste ano. Para o ministro, metade do crescimento do País virá das exportações. Ele afirmou, no entanto, que para manter esta tendência é preciso investimentos, principalmente na geração de energia. De acordo com suas expectativas, o terceiro trimestre deste ano será melhor do que o segundo. "Certamente, estamos a caminho de uma expansão de 5% ao ano", afirmou.