Título: Renda e emprego não sustentam bens duráveis
Autor:
Fonte: Gazeta Mercantil, 15/12/2004, Nacional, p. A-6

Uma análise do desempenho da produção industrial regional, em outubro, segundo as categorias de uso, mostra que houve queda em todos os segmentos, em relação ao mês anterior, observa em estudo o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI). A maior redução ocorreu em bens de consumo duráveis (-2,8%), cuja produção já havia declinado 2,0% em setembro. Igualmente, pelo segundo mês consecutivo, o segmento de bens de capital apresentou contração (- 1,5%). Em bens de consumo semiduráveis e não-duráveis, após o crescimento de setembro (1,5%), a produção declinou 1,1% em outubro, enquanto no setor de bens intermediários, a queda foi de -0,1%.

Na série mensal, à exceção do setor de bens de consumo semiduráveis e não-duráveis (retração de 0,3%), os demais segmentos da indústria por categoria de uso apresentaram resultados positivos. Todavia, observa-se uma desaceleração expressiva, no setor de bens de capital, que cresceu 0,4% em outubro deste ano em comparação com outubro de 2003 (19,8% em setembro em relação ao mesmo período do ano anterior), e no segmento de consumo duráveis, que se expandiu 9,0% (contra 18,3% em setembro).

De acordo com o Iedi, o aspecto mais preocupante do desempenho da produção industrial em outubro é o fato de que o segmento de bens de consumo não duráveis novamente não sustentou o crescimento do mês anterior, um sinal de que a despeito da trajetória de recuperação econômica, nem o emprego nem o rendimento real da população parecem mostrar sinais de dinamismo comparados ao dinamismo da produção.

É possível que o declínio da produção industrial em outubro já reflita o aumento da taxa de juros que o Banco Central vem realizando, observa o estudo do Iedi, mas, mesmo nesse caso, a influência deve ter sido pequena. E conclui: "A queda da produção no mês não configura um processo de reversão do quadro industrial e está muito longe de ameaçar o crescimento do setor em 2004, o qual deve fechar o ano com 7% ou mais de aumento da produção - o melhor resultado dos últimos 10 anos.