Título: Governo adia para 2005 decisão sobre a nova usina
Autor: Gisele Teixeira e Agência Brasil
Fonte: Gazeta Mercantil, 15/12/2004, Energia, p. A-4

O governo federal deixou para 2005 a controversa decisão sobre a retomada das obras da usina nuclear de Angra 3, no Rio de Janeiro. A expectativa era que o anúncio fosse feito ainda em dezembro, após a última reunião do ano do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), ocorrida dia 6. Mas ainda não há consenso sobre o tema. Pelo contrário.

Enquanto o ministério de Ciência e Tecnologia torce para tirar a idéia do papel, a pasta de Meio Ambiente é contra. E a ministra Marina Silva pode contar com a ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, como aliada. Anteontem em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, ela deixou claro que a energia nuclear "não é prioritária e não é uma opção sócio-energética para o país".

Dilma informou que na última reunião do CNTE foram entregues os estudos de viabilidade econômico-financeira e tarifário de Angra 3. E que até maio do próximo ano serão encaminhados aos integrantes do conselho os relatórios sócio-ambiental e tecnológico-estratégico para que haja uma decisão sobre a construção da usina.

A obra para construção da terceira usina nuclear, cujo projeto é idêntico ao de Angra 2, deveria ter começado no início da década de 1980. Na época, foram investidos US$ 750 milhões em equipamentos e na preparação do terreno que receberia a usina. O trabalho foi interrompido na primeira metade da década de 1990.Para a sua conclusão, seriam necessários outros US$ 1,75 bilhão.

Greve em Resende

Os funcionários das Indústrias Nucleares do Brasil (INB), em Resende (RJ), decidiram paralisar suas atividades a partir da zero hora de amanhã. Um dos líderes do movimento, Marco Antônio Correa da Silva, disse que a empresa manteve a proposta de reajuste salarial de 7,9%. Segundo ele, os funcionários da INB querem a recomposição de parte da defasagem salarial de 67% e a implantação do plano de cargos e salários. Segundo ele, a greve vai parar o serviço de recarga de combustível de Angra 1 e 2 e o processo de enriquecimento de urânio.