Título: Para FHC, ninguém é imbatível em 2006
Autor: Ana Paula Machado
Fonte: Gazeta Mercantil, 15/12/2004, Política, p. A-8

O ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), disse ontem em Belo Horizonte que as pesquisas de opinião que apontam a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva já no primeiro turno das próximas eleições podem não traduzir o cenário que se desenhará somente em 2006. Segundo ele, nenhum candidato ou partido é imbatível nos pleitos que virão. "Quando deixei o Ministério da Fazenda tinha 6% de avaliação e o então candidato Lula tinha mais de 30%. Em junho de 1994, tinha 16% e ele tinha mais de 40%. Quando chegou julho comecei a ganhar. Em outubro, eu ganhei com maioria absoluta", disse o ex-presidente logo após o encontro com o governador tucano, Aécio Neves.

"O ruim é a sensação que, às vezes, o PT passa de que eles acreditam que são imbatíveis. Eu já bati duas vezes. Não vou bater uma terceira, mas outros podem bater", alfinetou FHC.

O ex-presidente negou que sairá candidato em 2006 e ratificou que não se deve antecipar o processo eleitoral. "É prematuro discutir a eleição. Eu fui duas vezes presidente. Já dei a contribuição que podia", disse. E a contribuição, segundo ele, foi exatamente na adoção de uma política macro-econômica que persiste até hoje, mesmo sendo um governo de esquerda no comando do País. "Na parte econômica não foi fácil. Custou bastante, quando eu estava na transição, convencê-los (PT) da necessidade de ter um comportamento responsável. Hoje, vejo o governo muito feliz quando o FMI o aprova. Mas naquele momento não era assim", afirmou.

Ineficiência do governo

Ele criticou novamente a falta de eficiência do atual governo na condução de políticas sociais. Fernando Henrique completou, ainda, que não existe inovação na adoção de programas para o setor. "Não vi nada que realmente mostrasse o que foi prometido. A questão relativa a emprego, por exemplo. Era uma promessa irrealista, mas foi feita. Não houve esse avanço. Espero que haja", afirmou.

FHC disse, ainda, que o PSDB e os partidos de oposição não devem poupar as críticas ao governo. "É estranho que reclamem quando há criticas porque ouvi coisas mais pesadas durante oito anos.