Título: Investimentos até 2008 serão de US$ 300 milhões
Autor: Gustavo Viana
Fonte: Gazeta Mercantil, 15/12/2004, Indústria & Serviços, p. A-11

Vendas deverão atingir cerca de 1 bilhão de litros em 2005, volume 5% superior ao deste ano, de 913 milhões, diz Abrafati. A indústria brasileira de tintas planeja investir cerca de US$ 300 milhões até 2008 em instalações, expansão da produção, modernização das fábricas, compra de equipamentos e lançamento de produtos, segundo estimativa da Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas (Abrafati). As vendas dessa indústria deverão se aproximar da marca de 1 bilhão de litros em 2005, volume entre 5% superior ao deste ano - 913 milhões de litros. Para o presidente-executivo da Abrafati, Dilson Ferreira, dois segmento de mercado vão impulsionar o setor em 2005: a construção civil e a indústria automotiva. "A construção civil deverá crescer por uma questão política, o governo precisa criar empregos", disse.

Já o segmento automotivo, disse Ferreira, deverá aumentar o seu consumo de tintas para autopeças e para a repintura de automóveis. A indústria automotiva espera bater um novo recorde em 2005, com a venda de 2,3 milhões de unidades, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). A indústria de tintas deverá fechar o ano de 2004 com um crescimento de 6% do volume físico, com a produção de 913 milhões de litros, ante os 860 milhões de litros de 2003. As projeções feitas no final de 2003 pela Abrafati apontavam um crescimento das vendas de 4% neste ano. O faturamento deverá crescer 14% e somará cerca de US$ 1,5 bilhão, ante uma receita de US$ 1,3 bilhão de 2003.

Neste ano, segundo Ferreira, todos os segmentos de mercado tiveram crescimento, com destaque para a linha imobiliária, responsável por 60% das vendas da indústria de tintas. As vendas para o setor automotivo também aumentaram, graças às vendas recordes do setor, que deverão alcançar 2,2 milhões de unidades, segundo a Anfavea, superando as de 1997.

O setor de autopeças, ligado ao automotivo, e os segmentos moveleiro e de eletrodomésticos, atrelados à construção civil, também apresentaram uma forte demanda, segundo Ferreira. A construção, disse o executivo, apresentou crescimento da demanda em duas frentes: aumento da construção nova (novos imóveis), e da repintura, com a recuperação das vendas nas lojas (varejo). A construção civil deverá encerrar o ano com um crescimento de 6,8% em relação a 2003, segundo o Sinduscon-SP.

"Se não fosse a taxa de juros e o aumento no preço das matérias-primas, o crescimento poderia ter sido maior", disse Ferreira, que afirmou que os juros têm efeito negativo na venda de todo o mercado de bens duráveis (imóveis, eletrodoméstico e automóveis). Segundo o executivo, o preços das matérias-primas para a produção da resina e das tintas, como o benzeno, estireno, ácido acrílico e dióxido de titânio, além das folhas metálicas, deverão continuar em alta em 2005. Neste ano, 55% das vendas foram de tintas econômicas e intermediárias e 45% de tintas de primeira linha (premium).

As exportações de tintas devem aumentar 33% e somar US$ 92 milhões em 2004. A indústria de tintas nacional possui de 300 a 350 fábricas no Brasil. "Têm crescido o número de fábricas menores e regionais, mas de boa qualidade", disse Ferreira. As vendas de dióxido de titânio (pigmento branco utilizado na confecção das tintas) no Brasil deverão crescer entre 17% e 18% neste ano. "A demanda por pigmentos foi forte neste ano (o setor foi responsável por 72% do consumo dessas matérias-primas vendidas no Brasil)", afirmou o diretor comercial da Millennium Chemicals, Ciro Marino, que afirmou que preço do insumo aumentou 25%, em dólares, durante 2004. De acordo com o executivo, caso o cenário atual de oferta e demanda continue, deverá haver um reajuste entre 10% e 15% nos preços do produto em 2005.

Segundo o gerente de marketing da Brasilata Embalagens Metálicas, Carlos Viterbo, até fevereiro de 2005 deverá acontecer um reajuste no preço das folhas metálicas. "Ainda não sabemos o percentual", disse Viterbo, que acredita que esse reajuste alcance cerca de 12%. "O preço do aço acabou de aumentar 20% em euros no mercado internacional", disse Viterbo, que afirmou o preço das folhas deverá sofrer um segundo reajuste no segundo semestre de 2005.