Título: Expansão econômica da A. Latina é a maior em 24 anos
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Fonte: Gazeta Mercantil, 16/12/2004, Internacional, p. A-11

As economias latino-americanas fecharão 2004 com um crescimento vigoroso, de 5,5%, muito acima do modesto 1,9% do ano passado, alcançando a maior expansão em 24 anos, segundo a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal). E as exportações dos países latino-americanos alcançarão este ano um crescimento recorde de 23%, o maior das últimas duas décadas, com um forte impulso da China, que aumentou 34% suas importações de produtos da região, mostram dados preliminares do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

"As exportações latino-americanas alcançarão sua taxa de crescimento mais alta em duas décadas, ao superar os US$ 445,1 bilhões em 2004, um aumento de 23% sobre as exportações da região em 2003", detalha um comunicado do BID. Entre os fatores positivos de que se beneficiou a região, o banco destacou a "crescente demanda de China, que elevou os preços e os volumes das exportações agrícolas e minerais latino-americanas".

"As exportações da América Latina para a China subiram 34% este ano, para US$ 14 bilhões". A região também tirou proveito "de uma recuperação econômica mais robusta nos Estados Unidos; taxas de câmbio mais competitivas; e as fortes reativações de países como Argentina, Uruguai e Venezuela", acrescentou o BID.

Acima do previsto

A recuperação das economias da região superou os prognósticos mais otimistas, que previram expansão do Produto Interno Bruto (PIB) entre 4% e 4,5%. Em agosto passado, a Cepal projetou crescimento de 4,5%. "O crescimento está bastante acima de nossas projeções. Essa é uma boa notícia para todos", disse o secretário-executivo da Cepal, José Luís Machinea, ao apresentar o balanço da região. "Esperamos que o próximo ano também seja bom, embora não tão bom quanto este", acrescentou o economista argentino, adiantando que em 2005 as economias a região deve crescer em torno de 4%, estima a comissão.

A região será afetada em 2005 por um cenário internacional positivo, mas menos favorável que neste ano, devido à provável desaceleração da economia norte-americana e aos fatores recessivos e inflacionários causados pelo alto preço do petróleo. O crescimento econômico deste ano ocorreu em todos os países da região, com exceção do Haiti, cujo PIB caiu 3% em função dos efeitos da crise política que enfrenta e à devastadora passagem dos furacões "Ivan" e "Jeanne", em meados do ano.

Crescimento de 18%

As seis maiores economias da região (Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México e Venezuela) cresceram durante 2004 mais de 3%, o que ocorre pela segunda vez nos últimos 20 anos.

E o dinamismo da economia regional durante o ano está vinculado ao bom desempenho da economia internacional, que segundo as estimativas crescerá 4%, acima dos modestos 2,9% registrados no ano anterior.

A aceleração da atividade econômica mundial melhorou as relações de troca em quase todos os países da América Latina, cuja média regional aumentou este ano em 5,6%, graças ao incremento de 10,6% no valor dos produtos exportados. Nesse contexto, o comércio internacional passou a ser o motor do crescimento regional. As remessas dos países da região cresceram 22%, enquanto que as importações subiram 19,8%.

O relatório do BID mostra que apesar da vigorosa recuperação registrada neste ano nas economias dos países da América Latina, o desemprego manteve-se alto. A expansão econômica conseguiu reverter só em 0,7% a taxa de desemprego regional, que neste ano alcançou 10%. O crescimento econômico gerou mais demanda de trabalho, compensada com uma leve expansão da oferta de emprego, que cresceu 3,8%.