Título: Exportações crescem 9,5% em 2004
Autor: Rita Karam
Fonte: Gazeta Mercantil, 15/12/2004, Indústria, p. A-12
As vendas externas vão alcançar US$ 3,1 bilhões este ano e a produção deverá subir 3,6%. A indústria brasileira de celulose e papel encerra 2004 com crescimento de 3,6% na produção e aumento de 9,5% na receita com exportação e de 7,9% no superávit comercial, segundo dados preliminares divulgados ontem pela Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa). O movimento de expansão tende a continuar em 2005. O presidente da Bracelpa, Osmar Zogbi, projeta em cerca de 10 milhões de toneladas a produção de celulose no próximo ano, ante as 9,4 milhões de toneladas de 2004, um crescimento de 6,4%. Em 2003 a produção de celulose foi de 9,07 milhões de toneladas.
O aumento previsto para 2005 é resultado da operação da Veracel Celulose, associação entre a Aracruz Celulose e a sueco-finlandesa Stora Enso e de projetos de expansão em curso, disse o executivo.
Um dos interesses é o mercado externo. Zogbi calcula expansão de 10% nas exportações em 2005. Para este ano, a entidade estima aumento de 3,9% na venda externa de celulose, ou 4,75 milhões de toneladas. A importação cai 2,7% para 330 mil toneladas. Já a produção de papel ficará em 8,2 milhões de toneladas, aumento de 3,6% sobre 2003. Desse total, 1,75 milhão destinam-se ao mercado externo, com queda de 1,6% sobre 2003.
A redução nas vendas externas de papel se deve à maior demanda local. O consumo per capita no Brasil passou de 37,7 quilos para 39,3 quilos, de acordo com a Bracelpa. O consumo aparente (venda local mais importação) subiu 6,5% e foi de 7,15 milhões de toneladas. Já as importações de papel serão 21,1% maiores e vão alcançar cerca de 700 mil toneladas, segundo a Bracelpa. Zogbi informou tratar-se principalmente de papel imprensa, cartão e cuchê.
Aumento no superávit
Apesar desse aumento na importação de papel, as exportações previstas de US$ 3,1 bilhões vão representar um superávit de US$ 2,45 milhões, ante os 2,27 milhões de 2003. "Representamos 8% do superávit comercial do País".
Os preços também tendem a se elevar em 2005, em até 10%, calculou Zogbi, ressaltando entretanto que em 2006 a produção mundial de celulose deve ser elevada em 34 milhões de toneladas devido a projetos em curso, o que pode mudar essa curva de crescimento.
Os principais mercados para a celulose brasileira são a Europa, com 45% das vendas deste ano, e a Ásia, com 32%. A América do Norte fica com 19%. Já no caso do papel, a América Latina absorverá 44% da exportação de 2004, a Europa 26%, a Ásia 13% e a América do Norte 11%. A tendência é de crescimento no mercado mundial, disse Zogbi. O aumento de demanda e da produção deverão vir principalmente da Ásia-Pacífico e da América Latina. O executivo considerou que o Brasil tem tecnologia e condições favoráveis para atrair investimentos na área, nacionais e estrangeiros, e que há cerca de 11 anos não são instaladas novas máquinas para papel nas fábricas locais.
Barreiras aos investimentos
Mas Zogbi considerou que será preciso eliminar algumas barreiras ao investimento no País. "Pagamos 20% de carga de impostos não recuperáveis para investir", afirmou. O executivo disse que desonerar os investimentos será um dos grandes desafios da entidade em 2005. Apesar da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados e da possibilidade de acelerar a depreciação sobre equipamentos, o executivo destacou que PIS/Cofins e ICMS estão entre os principais entraves ao investimento e defendeu o crédito imediato do PIS/Cofins bem como a redução no prazo de devolução de ICMS, até que a mesma seja imediata. O câmbio também preocupa.
"Acho que o governo está errando de novo aumentando os juros e o reflexo é a queda do dólar. O aumento de juros reflete-se no consumo. O governo poderia ter um pouco mais de coragem", disse e defendeu um dólar acima dos R$ 3.
O setor conta hoje com 220 empresas em 16 estados (e 450 municípios). A área plantada é de 1,5 milhão de hectares, 69% desse total é de eucalipto; pinus tem 30% e as demais espécies, 1%. São100 mil empregos diretos.
O faturamento deve ficar em R$ 23,1 bilhões neste ano, ante R$ 20,5 bilhões de 2003. O setor anunciou investimentos de US$ 14,4 bilhões até 2012. Serão cerca de US$ 1,5 bilhão por ano, disse Zogbi. Nos últimos 10 anos foram US$ 12 bilhões em aportes, segundo a entidade. O País é atualmente o maior produtor mundial de celulose de fibra curta branqueada.