Título: Brasil e China vão lançar o CBERS-2b
Autor: Virgínia Silveira
Fonte: Gazeta Mercantil, 01/09/2004, Teloecominicações & Informática, p. A-23

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e a Academia Chinesa de Tecnologia Espacial (Cast) estão discutindo a viabilidade de lançar em 2006 um satélite idêntico ao CBERS-2, colocado em órbita em outubro de 2003. O objetivo, segundo o presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Sérgio Gaudenzi, é garantir que a transmissão de imagens pelo satélite não seja interrompida com o fim da vida útil do CBERS-2, estimada em dois anos.

"Não podemos deixar que 20 mil usuários que entram diariamente no site do CBERS e usam as imagens do satélite fiquem sem cobertura", afirmou. A decisão final sobre a produção do novo satélite, batizado de CBERS-2b, será anunciada pelos dois países ainda neste mês. O lançamento do CBERS-2b, segundo Gaudenzi, também cobriria o espaço deixado pelo CBERS-2 até o lançamento do CBERS-3, previsto para 2008.

A produção do CBERS-2b, segundo o Inpe, não implicaria grandes investimentos, uma vez que o satélite poderia ser integrado com equipamentos e peças remanescentes do CBERS-2, produzidas em duplicata, por questões de segurança e contingência. Os custos da produção das peça não disponíveis não foram revelados.

O desenvolvimento dos dois primeiros satélites da série absorveu investimentos de US$ 300 milhões, sendo 70% sob a responsabilidade dos chineses e o restante, do Brasil. O terceiro satélite tem orçamento estimado em US$ 240 milhões, que serão financiados em partes iguais pelo Brasil e China. O CBERS-3 já tem R$ 60 milhões garantidos para este ano e a divisão dos custos será igual à do CBERS1 e 2.

As imagens do CBERS são distribuídas gratuitamente desde o mês de junho, e a previsão do Inpe é de que em 2004 o número de imagens solicitadas supere 15 mil. Brasil e China também já assinaram memorando de entendimento visando a produção de estações de recepção e o fornecimento e comercialização das imagens do CBERS para outros países.

No Brasil os principais usuários das imagens geradas pelo CBERS são as grandes empresas de papel e celulose, que necessitam de informações precisas para acompanhar a evolução de suas plantações de eucaliptos e diversos órgãos do governo, que usam as imagens para fazer o monitoramento do ambiente (desmatamento, queimadas, uso de áreas agrícolas, planejamento de safra, projetos de urbanização e levantamentos cartográficos, entre outros).