Título: Criação de avestruz no Ceará visa à ....(Pág. 14)
Autor: Adriana Thomasi
Fonte: Gazeta Mercantil, 01/09/2004, Gazeta do Brazil, p. B-13

Todos os investimentos do grupo Avestruz Master são em recursos próprios. "O financiamento das instituições deve ser utilizado para bancar um casal de aves aos pequenos produtores", defende. Maciel diz que, a partir da liberação de recursos a compra da matriz a esse criador, a Master se encarrega da construção dos piquetes e fornecimento da ração. "A dívida será paga com os resultados, por meio de fornecimento de filhotes", adianta. A Master vende o casal de filhotes por R$ 4,6 mil e Maciel afirma que o rendimento fica em torno de 9,6% ao mês, descontado os gastos com manutenção do plantel.

Pelas contas de Maciel, a estrutiocultura movimenta no País cerca de R$ 75 milhões. "A avestruz é a ave dos ovos de ouro", afirma o empresário, que tem na rota de novos empreendimentos, além de fazendas no Ceará e na Bahia, planos de expansão em Pernambuco. A empresa mantém, em Vitória de Santo Antão (PE), duas fazendas - uma própria, de 50 hectares e 50 piquetes e capacidade para 300 aves. "Vendemos 600 avestruzes em apenas um mês na recém-inaugurada filial de Recife", adianta. Em 30 dias, o projeto da fazenda de Pernambuco deverá ser concluído. O plano de expansão contempla ainda escritórios no Rio Grande do Norte, Sergipe, Alagoas e Paraíba.

A goiana Máster, com sete anos de mercado, considerada a maior criadora de avestruz na América Latina, concentra 13 fazendas próprias, oito arrendadas e 23 franquias no País, gera cerca de 6 mil postos de trabalho diretos no global. "Vamos investir na exportação, pois no mercado interno o preço da carne ainda é alto", diz. A Alemanha compra hoje 70% da produção israelense, sul-africana e australiana da carne", diz.

A ave pode ser abatida de 12 a 14 meses - período onde a carne é mais tenra - e tem rendimento médio de 35 quilos de carne por animal. Maciel diz o couro utilizado na confecção de vestuário, acessório e calçados, agrega qualidades como maciez e resistência, enquanto os ovos pensam em torno de 1,5 quilo e têm sabor semelhante aos da galinha. "Uma avestruz também garante cerca de 1,3 quilo de plumas/ano, que podem ser puxadas ou cortadas, pois a reposição ocorre de 6 a 7 meses", diz. O bico e as unhas são utilizados na confecção de bijuterias e os ossos viram ração, informa o empresário.

Produtos com valor agregado

O paulista Maurício Lupifieri, da Aravestruz, com fazenda e frigorífico em Araçatuba (SP), unidade em condições para 60 mil aves/ano, mas que abate cerca de 3,6 aves/ano, pois faltam animais - e loja no Morumbi Shopping, também tem novos planos para o Ceará. No estado, a empresa já comanda uma unidade de 20 hectares, em Barurité, que funciona há cerca de 1 ano como fazenda escola.

A estratégia envolve o fornecimento de matrizes, capacitação do criador e a compra da produção, além do certificado que permite ao criador recorrer ao financiamento junto ao Banco do Nordeste do Brasil e Banco do Brasil. "Somos uma empresa integradora", resume. A Aravestruz iniciou a criação em meados da década de 90, com recursos da ordem de US$ 300 mil e tem como forte dos negócios a venda de matrizes, representando 70% da receita do grupo, ficando o frigorífico com os demais 30%. "Agora vamos expandir o projeto para o Ceará", afirma o empresário que definiu área de 1,2 mil hectare, no distrito de Caracará, município de Sobral, a 180 quilômetros de Fortaleza, para a nova proposta. As obras devem começar em 15 dias. "No próximo ano, vamos construir o frigorífico", adianta.

Na unidade cearense, a empresa vai trabalhar com produção de animais e pretende chegar a 10 mil filhotes ano, já a partir de 2005. "As condições de climáticas no Ceará permitem a redução de custo. O índice de mortalidade dos animais é menor e as fêmeas produzem mais ovos. São Paulo, em função do com variações de temperatura, exige instalações mais sofisticadas", esclarece. De acordo com o empresário esses fatores permitem criar a avestruz mais barata do mundo, garantindo alta competitividade. O projeto de Sobral será implementado de forma escalonada, e com recursos próprios e do banco do Nordeste do Brasil "Em novembro as obras devem ser finalizadas e, de dezembro a janeiro, teremos os primeiros filhotes nascidos", assinala.