Título: Escolha de candidato do PT incomoda os aliados
Autor: Paulo de Tarso Lyra
Fonte: Gazeta Mercantil, 17/12/2004, Política, p. A-8

O processo de definição do candidato do PT à presidência da Câmara começa a incomodar os próprios aliados do Planalto. O partido tem sete pré-candidatos à sucessão de João Paulo Cunha (PT-SP). Quatro aparecem com mais chances: Arlindo Chinaglia (SP), Luiz Eduardo Greenhalgh (SP), Professor Luizinho (SP) e Virgílio Guimarães (MG). Mas o impasse e a falta de articulação com os demais partidos da bancada governista começa a criar uma sensação incômoda.

"O PT precisa saber construir bem o seu candidato. Eles sabem que esta candidatura não é apenas do PT, mas que passa também por PFL e PSDB, por exemplo", acrescentou o líder do PSB na Câmara, Renato Casagrande (ES).

O líder do PL na Câmara, Sandro Mabel (GO), também adiantou que, se o candidato escolhido pelo PT não tiver articulação suficiente e bom trânsito entre os partidos na Casa, poderá surgir outro nome, com apoio de aliados. Neste caso, o PT estaria excluído da composição e teria que disputar com seu candidato isolado.

Ontem aconteceu mais uma reunião sem avanços na bancada do PT para definir o nome. O presidente nacional do partido, José Genoino (SP), encontrou-se com a comissão formada pela bancada petista e o líder do partido na Câmara, Arlindo Chinaglia (SP), para tentar afunilar o processo de escolha do candidato: além dos quatro favoritos, disputam a indicação os deputados Paulo Delgado (MG), Paulo Rocha (PA) e Walter Pinheiro (BA).

Na opinião do parlamentar baiano, "ou há um consenso, ou a decisão tem que ser decida no voto". Para ele, o que não pode permanecer é esse impasse.

Sem surpresas

O presidente da Câmara saiu pela tangente. O deputado João Paulo Cunha afirmou que não se deve esperar surpresas no processo de escolha do PT e garantiu que este candidato terá capacidade para dialogar com todos os partidos da Casa baixa do Legislativo. "O futuro presidente dará continuidade nas votações de medidas importantes para o Brasil", acrescentou.

João Paulo lembrou que o presidente da Casa deve manter um relacionamento harmonioso com os demais Poderes, apesar de defender os interesses do Legislativo. E refutou os elogios quanto à sua atuação ao longo dos últimos dois anos.

"Não precisa ser como eu, porque teria muito mais defeitos do que virtudes. Mas acho que vai ser um bom candidato", ironizou.